A EDP Renováveis anunciou hoje que vai abandonar os seus projetos eólicos na Colômbia. A companhia estava a desenvolver dois projetos na região de Guajira, no norte do país, com uma potência total de 500 MW.
“Após uma revisão detalhada dos projetos (…) a EDPR considera que estes projetos não cumprem os critérios de investimento e perfil de risco da empresa, e, portanto, decidiu não avançar com os investimentos restantes necessários para construir os parques eólicos. A empresa continuará a tomar todas as ações legais necessárias para proteger os interesses da EDPR na Colômbia”, pode-se ler no comunicado.
A EDPR estima perdas potenciais de até 700 milhões de euros, com as perdas potenciais na EDP a atingirem os 500 milhões. “Estes montantes serão tratados como eventos não recorrentes, não tendo impacto nem no lucro líquido recorrente nem na política de dividendos da empresa”.
A companhia explica que os projetos eólicos Alpha e Beta obtiveram licenças ambientais em agosto de 2019.
Em outubro de 2019, fechou PPAs para vender 1,7 TWh/ano de energia renovável durante 15 anos a partir de 2022, tendo contratado 90 turbinas da Vestas.
Mas durante a pandemia e os confinamentos, “o processo de licenciamento ambiental para a linha de transmissão de 81 km sofreu atrasos significativos. Em meados de 2021, para minimizar o impacto negativo das necessidades de entrega de energia dos PPAs, causada pelos atrasos relacionados com os confinamentos, e para agilizar os esforços de construção em curso, as turbinas designadas para os dois projetos foram transportadas e armazenadas numa infraestrutura portuária em La Guajira”.
“Na parte final de 2022, após uma mudança de Governo, foram solicitados ajustes substanciais para a licença ambiental da linha de interligação, criando um atraso material no processo de desenvolvimento, incluindo o aumento do número de
comunidades indígenas locais envolvidas (de 56 para 113). Desde então, a EDPR desenvolveu várias iniciativas com o novo Governo eleito e o Regulador, destacando a urgência de medidas necessárias para reequilibrar a economia dos projetos, que também foi impactada por outros desenvolvimentos materiais, tais como (i) a indisponibilidade de outros ativos de transmissão que estavam planeados para serem construídos e operados por terceiros na região (ii) a aprovação de nova legislação com impactos adversos na economia dos projetos versus os pressupostos de investimento inicial (iii) o aumento significativo dos custos de construção (iv) a desvalorização do Peso colombiano e (v) o aumento dos custos de financiamento. Em resposta, em agosto de 2023, o governo publicou o Decreto 1276 contendo importantes medidas de emergência, mas este decreto foi anulado judicialmente em outubro de 2023, mantendo a situação desequilibrada dos projetos”.
E continua: “A EDPR tomou várias medidas para remediar a situação e alcançou a renegociação bilateral de 80,7% dos volumes totais de energia dos PPAs, com a consequente suspensão da entrega de energia por mais de 2 anos. Entretanto, a licença ambiental para a linha de interligação foi submetida à Autoridade Nacional de Licenciamento Ambiental (ANLA) e espera-se que seja concedida em fevereiro de 2025. No entanto, até hoje, não foi alcançada visibilidade sobre a melhoria do quadro de receitas reguladas, como as reformas do mecanismo “cargo por confiabilidad” e outras medidas potenciais, que a EDPR e a associação de energias renováveis da Colômbia defenderam como cruciais para permitir a construção de projetos eólicos”.
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