É a partir de um escritório no Areeiro em Lisboa que a LusoSpace quer começar por conquistar o espaço para depois conquistar os mares.
O primeiro satélite comercial português vai ser lançado esta terça-feira, 14 de janeiro, à boleia da SpaceX de Elon Musk, e do foguetão Falcon 9.
O objetivo da LusoSpace é criar um serviço de navegação marítima para dar informação aos navios em tempo real, tal como o programa Waze faz para os automóveis em terra.
Isto vai permitir transmitir e detetar várias informações para os navios em todo o mundo ao segundo, como “informações meteorológicas, de marés, do fundo do mar, avistamento de piratas, emergências, derramamento de petróleo, icebergues”, enumerou o CEO Ivo Yves Vieira.
A Lusospace espera gerar receitas anuais de 100 milhões de euros a partir de 2029 com este serviço, revelou o empresário.
Com este objetivo em mente, será criada uma constelação com 12 satélites para cobrir os mares de todo o mundo em tempo real.
“Este será o primeiro satélite português a gerar receita”, afirmou o engenheiro físico que participou na equipa que há 32 anos lançou o primeiro satélite o PoSAT-1. “É o Waze dos Oceanos”.
O satélite que vai ser lançado amanhã foi batizado precisamente com o nome PoSAT-2, precisamente em homenagem ao primeiro satélite lançado em 1993 concebido pela equipa de Fernando Carvalho Rodrigues, o físico que é considerado o ‘pai’ do espaço português.
O lançamento vai ter lugar na Base Espacial de Vandenberg, na Califórnia, EUA, que pertence à United States Space Force, o ramo espacial das Forças Armadas dos EUA.
O Falcon 9 vai transportar um satélite maior, depois um secundário, e depois entre 10 a 15 pequenos satélites, entre os quais o PoSAT-2.
O satélite vai entrar em órbita a 500 km de altitude, mas depois vai apanhar boleia de uma pequena nave: a D-Orbit para “subir mais 50 km” e ficar a 550 km para “aumentar o tempo de vida do satélite.
“A atividade solar está muito intensa, a atmosfera está mais alta e os satélites estão a voltar para a Terra mais cedo”, explica. Daí, colocar o satélite a uma altitude mais elevada. Um exemplo desta atividade solar mais intensa foram as auroras boreais em Portugal.
Em termos de investimento, atinge os 15 milhões de euros com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.
A tecnologia que vai ser usada é a VDES (VHF Data Exchange System). Mas a companhia tem atualmente em operação um serviço que providencia o posicionamento dos navios, o AIS.
“O VDS é o sistema que vai permitir enviar mais informação e que vai criar o serviço de Waze dos Oceanos”.
Em termos de receitas, espera gerar 10 milhões de euros por ano a partir de 2027 com o sistema atual AIS. Com o VDES, prevê atingir os 100 milhões de euros anuais a partir de 2029.
A bordo do mesmo foguetão da SpaceX vai outro satélite português: o Prometheus-1 da Universidade do Minho.
“Esta é uma missão pedagógica. Fizemos este projeto para aprendermos sobre operações de satélite e quais os processos necessários para o colocar em órbita. Para mostrar que o satélite que montaram na sala de aula é exatamente igual ao satélite em órbita. Assim, conseguimos que os nossos alunos aprendam sobre isto para quando estiverem formados possam trabalhar nesta área”, disse ao JE o professor responsável pelo projeto Alexandre Ferreira da Silva. O satélite tem 241 gramas.
O orçamento total deste projeto é de 100 mil euros e teve os apoios da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Instituto Superior Técnico e o Carnegie Mellon.
Outros satélites nacionais já chegaram ao espaço às custas da SpaceX, como o MH1, do projeto Aeros, lançado em março deste ano.
Quando custa enviar um satélite para o espaço? A SpaceX chega a cobrar 300 mil dólares por um satélite até 50 kg, com massa adicional a custar seis dólares por kg. As missões de lançamento têm lugar a cada quatro meses.
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