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Croácia: Zoran Milanovic com vitória esmagadora nas presidenciais

Ambiente político vai continuar a ser marcado pelas escaramuças entre o presidente reeleito, crítico do apoio à Ucrânia, e o primeiro-ministro conservador.
13 Janeiro 2025, 10h55

Zoran Milanovic foi o vencedor da segunda volta das eleições presidenciais croatas, depois de obter 74% dos votos, relegando o seu adversário Dragan Primorac para uns modestos 26%, de acordo com os resultados divulgados pelas autoridades eleitorais estatais numa altura em que estavam contados mais de 99% dos boletins de voto. Presidente em exercício da Croácia, Zoran Milanovic, apoiado pela oposição, obteve uma vitória esmagadora, derrotando o candidato do partido conservador no poder, o que representa um grande impulso ao movimento europeu crítico do apoio militar ocidental à Ucrânia na guerra contra a Rússia.

Milanovic é também um feroz opositor do primeiro-ministro conservador da Croácia, Andrej Plenkovic, e do seu governo. Num discurso após a divulgação dos resultados, o já entretanto eleito presidente disse que a sua vitória é um sinal de aprovação e confiança dos eleitores, mas também apresenta uma mensagem “sobre o estado das coisas no país para aqueles que precisam de a ouvir”. “Estou a pedir-lhes (ao governo) que a ouçam”, disse Milanovic. “É isso que os cidadãos querem dizer”.

Milanovic é o político mais popular da Croácia e é por vezes comparado ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo seu estilo combativo de comunicação com os adversários políticos. Milanovic já tinha vencido confortavelmente a primeira volta das eleições, a 29 de dezembro, deixando Primorac, um especialista forense que já tinha concorrido sem sucesso à presidência anteriormente, e seis outros candidatos muito para trás.

A segunda volta entre os dois primeiros candidatos foi necessária porque Milanović ficou aquém de garantir 50% dos votos por apenas cinco mil votos, enquanto Primorac ficou muito atrás, com 19%. As eleições realizaram-se numa altura em que a Croácia, que tem uma população de 3,8 milhões de habitantes, se debate com uma inflação brutal, escândalos de corrupção e falta de mão de obra, segundo análise de especialistas citados pelo ‘Euronews’. O triunfo de Milanovic prepara o terreno para um confronto político contínuo com o primeiro-ministro Plenkovic, com quem se defrontou durante o primeiro mandato – nada indicando que o clima de ‘guerrilha’ entre os dois lados do poder venha a acabar. Milanovic acusa regularmente Plenkovic e o seu partido conservador (o HDZ) de corrupção sistémica, enquanto Plenkovic rotulou Milanovic de “pró-russo” e de constituir uma ameaça à posição internacional da Croácia.

Milanovic negou ser pró-russo mas, no ano passado, bloqueou o envio de cinco oficiais croatas para a missão da NATO na Alemanha, denominada Assistência e Formação em Segurança para a Ucrânia. E também prometeu, recorda ainda aquele jornal, que nunca aprovaria o envio de soldados croatas como parte de qualquer missão da NATO na Ucrânia.

Apesar dos poderes limitados do presidente, muitos acreditam que a posição presidencial é fundamental para o equilíbrio de poder político num país quase sempre governado pela HDZ desde que se tornou independente da Jugoslávia em 1991.

Primorac, que entrou na política no início dos anos 2000, quando foi ministro da Ciência e da Educação, candidatou-se sem sucesso à presidência em 2009. “Zoran Milanovic e eu estamos separados por valores espirituais, morais e profissionais completamente diferentes, bem como pelas ideias sobre o futuro do nosso país”, disse, antes de admitir que “a decisão foi tomada pelos cidadãos, democraticamente, e como tal deve ser respeitada”.

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