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Das fake news aos confrontos geopolíticos: cenário global vai continuar fragmentado

São vários os riscos que vão marcar o mundo a curto e longo prazo. Estudo da Marsh McLennan e Zurich indica geopolítica e riscos sociais.
Sinitta Leunen | Unsplash
15 Janeiro 2025, 09h15

O mundo está cheio de riscos e encontra-se cada vez mais fragmentado. Esta é a conclusão da 20ª edição do “Global Risks Report” da Marsh McLennan e Zurich para o Fórum Económico Mundial, partilhando a visão de mais de 900 líderes globais.

O relatório divulgado esta quarta-feira mostra que os líderes estão mais preocupados com o conflito armado entre Estados, principalmente depois dos conflitos em curso na Ucrânia e Palestina. “O conflito armado entre Estados foi identificado como o risco global mais urgente de 2025, com quase um quarto dos inquiridos a classificá-lo como a preocupação mais grave para este ano”, lê-se no relatório.

Ainda assim, o relatório deste ano indica que os riscos económicos apresentam um destaque menor na perspetiva imediata, ainda que se mantenham preocupantes.

Segue-se a desinformação e informação incorreta, as ditas fake news, que se encontram na lista dos principais riscos pelo segundo ano consecutivo. Na opinião dos líderes, estas são “ameaças persistentes à coesão social e governação, ao minar a confiança e ao exacerbar divisões dentro e entre nações”.

“As tensões geopolíticas crescentes, a fragmentação da confiança global e a crise climática estão a pressionar o sistema global como nunca antes”, afirmou Mirek Dušek, diretor-geral do Fórum Económico Mundial. “Num mundo marcado por profundas divisões e riscos em cascata, os líderes globais têm uma escolha: fomentar a colaboração e a resiliência ou enfrentar uma instabilidade crescente. O que está em jogo nunca foi tão crítico”, sustenta o responsável.

Já os riscos ambientais “dominam a perspetiva a longo prazo, com eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas, mudanças críticas nos sistemas terrestres e escassez de recursos naturais a liderarem os rankings de riscos a 10 anos”. A poluição é ainda identificada como um dos principais riscos a curto prazo.

Também os riscos tecnológicos relacionados com resultados adversos de tecnologias de Inteligência Artificial apresentam-se num cenário de longo prazo.

Mas as previsões para o longo prazo não são satisfatórias. Os líderes estão menos otimistas em relação ao futuro no mundo a longo prazo do que no curto. De facto, quase dois terços dos inquiridos antecipa um cenário global turbulento ou tempestuoso até 2035, impulsionado pelo agravamento dos desafios ambientais, tecnológicos e sociais.

Ainda assim, mais de metade dos inquiridos está à espera de alguma instabilidade dentro dos próximos dois anos, ou seja, em 2027, “refletindo a crescente fragmentação da cooperação internacional”.

“Riscos sociais, como a desigualdade e a polarização social, surgem de forma destacada tanto nas classificações de riscos de curto como de longo prazo. As preocupações crescentes com atividades económicas ilícitas, o aumento das dívidas e a concentração de recursos estratégicos evidenciam vulnerabilidades que poderiam desestabilizar a economia global nos próximos anos. Todas estas questões correm o risco de agravar a instabilidade interna e minar a confiança na governação, dificultando os esforços para enfrentar os desafios globais”, lê-se no relatório para o Fórum Económico Mundial.

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