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Portugal em risco de incumprimento das novas metas na reciclagem de embalagens

Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, alerta para a necessidade de cumprir as novas metas, salientando que o ano de 2025 tem de ser de viragem na recolha seletiva das embalagens.
17 Janeiro 2025, 21h51

Os portugueses encaminharam para reciclagem 476.605 toneladas de embalagens em 2024, o que significa mais 4% face ao ano anterior, revela esta sexta-feira, 17 de janeiro, a Sociedade Ponto Verde, salientando que, embora os dados sejam positivos, Portugal “mantém-se longe” da nova meta definida para este fluxo de resíduos urbanos e que “é necessário atingir em 2025”.

O país terá de garantir este ano a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado, adianta a Ponto Verde. Em 2024, a taxa de retoma foi de 57,8% (apuramento preliminar), o que significa que “temos de tornar o sistema mais eficiente para atingir as novas metas”.

Em 2025, o sistema contará com mais 113 milhões de euros que resultam da decisão do Governo de aumentar os valores das contrapartidas para financiar o SIGRE – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens, num total estimado de 235 milhões de euros (em 2024 o valor era 122 milhões de euros) só para a gestão dos resíduos de embalagens este ano. O montante é pago pelas entidades gestoras de resíduos de embalagens aos Sistemas Municipais, Intermunicipais e concessões, para procederem à recolha seletiva de resíduos urbanos de embalagens, que asseguram a triagem e pré-preparação para reciclagem destes resíduos nos seus diferentes materiais (como vidro, plástico ou papel/cartão).

“Estamos perante uma oportunidade única para aumentar a performance de todo o sistema e colocar Portugal na rota do cumprimento das metas da reciclagem de embalagens, cabendo às autoridades garantir a eficiência da operação”, afirma a Ponto Verde em comunicado enviado às redações. A injeção de mais 113 milhões tem de “traduzir-se na melhoria significativa do nível de serviço que é prestado aos cidadãos por parte dos sistemas municipais e multimunicipais”.

Complementar o modelo de recolha por ecopontos com sistemas de incentivo, porta-a-porta ou pay as you throw (payt), permitindo este ter noção do valor pago em função do consumo, são soluções identificadas para permitirem uma melhor capacidade de resposta, com a entrada de mais embalagens no sistema de reciclagem.

A Ponto Verde refere ainda que o papel/cartão e o plástico mantêm-se como os materiais com melhor desempenho, com o primeiro a ter aumentado 6%, o que se traduz em 158.146 toneladas encaminhadas para reciclagem, e o segundo 5%, ou seja, 85.548 toneladas recolhidas no último ano.

Já o vidro continua a merecer particular preocupação, uma vez que o seu ritmo de crescimento continua aquém da meta, tendo-se verificado um aumento apenas de 1%, ou seja, 213.870 toneladas depositadas no vidrão. Para o aumento do desempenho deste material “é fundamental que sejam implementadas soluções específicas, com a adaptação de ecopontos às necessidades dos estabelecimentos HORECA, como o baldeamento assistido, que são facilitadores na deposição e envio para reciclagem”.

Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, considera que o ano de 2025 tem de ser de viragem na recolha seletiva das embalagens. “Com mais fundos à disposição do sistema esperamos mais recolha e reciclagem destes resíduos, assim como uma atenção permanente das autoridades à forma como evolui a performance de toda a operação. É fundamental resolver os problemas existentes, que estão bem identificados, ao nível da prestação do serviço ao cidadão”.

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