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Os bunkers também chegaram a Portugal

A construção pode demorar quatro meses, custa 200 mil euros e “é capaz de resistir a qualquer tipo de ataque”.
19 Janeiro 2025, 11h23

O livro “Be Prepared:Doomsday Prepping in the United States”, publicado em dezembro nos EUA e escrito por Robert E. Kirsch e Emily Ray, ilustra a vida dos “preppers”, pessoas que fazem planos para sobreviver a um cataclismo.

Hoje, o movimento é mais diversificado do que nunca. Os “preppers” modernos preparam-se para uma ampla gama de cenários, incluindo conflitos nucleares, desastres climáticos, colapsos financeiros, guerra cibernética, crises alimentares ou pandemias.

O foco está na tecnologia de sobrevivência, incluindo o uso de energia solar, sistemas de purificação de água e até mesmo criptomoedas para manter a segurança financeira. As redes de apoio e as comunidades online tornaram-se essenciais para a troca de informações e o movimento tem vindo a ganhar terreno na Europa, inclusive com a construção de bunkers.

Hoje em dia, estes abrigos (que se desenvolveram no período da Guerra Fria) não são apenas construções de guerra. Estão equipados com sistemas modernos para garantir a sobrevivência em cenários de longo prazo. A construção pode demorar quatro meses, custa 200 mil euros e “é capaz de resistir a qualquer tipo de ataque”.

As palavras são de Rui Ribeiro, fundador da empresa Solid Bunker, ao Jornal Económico. Até ao momento, construiu dois abrigos, no Norte do País, para empresários. São comercializados três tipos de bunker: de superfície (a partir de 50 mil euros), Modular (a partir de 60 mil euros) e o Solid (até 200 mil euros). Além de fontes de água e energia independentes, têm capacidade de regeneração de ar, kits médicos e de sobrevivência, televisão e câmara para o exterior.

Antigo emigrante em França, o empresário garante que trabalha com material militar e diz que segue as normas que a Suíça aplica à construção de abrigos. “Em Portugal não existe licenciamento para este tipo de construção.

O ideal é o bunker ficar a 10, 20 ou até 50 metros de profundidade. O empresário afirma ainda que vende equipamentos para pessoas que que estão a fazer abrigos subterrâneos por conta própria. A construção de abrigos comunitários e financiados de forma colaborativa é o projeto mais recente.

“A proposta de ação social clara e prática, sem fins lucrativos, baseia-se numa abordagem inclusiva, onde populações, empresas e instituições locais unem esforços para tornar o projeto uma realidade. Cada comunidade – aldeias, freguesias, vilas,entre outras – poderia contribuir com um valor acessível (200€ por exemplo)”, revela ao JE.

Nos EUA, prevê-se que o mercado de abrigos anti-bomba e anti-queda cresça de 137 milhões de dólares (cerca de 130 milhões de euros) no ano passado para os 175 milhões de dólares (167 milhões de euros) em 2030, de acordo com um relatório de pesquisa de mercado da BlueWeave Consulting.

Com as tensão geopolíticas a subir de tom, o número de bunkers em Espanha, Suíça, Alemanha, Suécia e Finlândia têm vindo a aumentar e as populações preparam- se para a possibilidade de um conflito na Europa. Será prevenção ou capricho? Rui Ribeiro, da empresa Solid Bunker, responde: “Todos temos uma família a proteger”.

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