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Fórum para a Competitividade estima “melhoria limitada do crescimento do PIB”

“Os riscos geopolíticos militares podem reacender tensões inflacionistas por via dos preços da energia, tal as eventuais novas tarifas (impostos sobre as importações), embora tais efeitos permaneçam arredados dos cenários centrais”, defendem os economistas do Fórum.
21 Janeiro 2025, 16h08

O Fórum para a Competitividade estima uma melhoria limitada do crescimento do PIB, de entre 1,5% e 1,6% em 2024 para entre 1,7% e 2,1% em 2025, estabilizando entre 1,6% e 2,1% em 2026, no seu relatório relativo ao quarto trimestre de 2024.

Também estima um abrandamento da inflação nacional, de 2,4% em 2024 para entre 1,9% e 2,1% em 2025, com estabilização entre 1,8% e 2,1% em 2026.

“Os riscos geopolíticos militares podem reacender tensões inflacionistas por via dos preços da energia, tal as eventuais novas tarifas (impostos sobre as importações), embora tais efeitos permaneçam arredados dos cenários centrais”, defendem os economistas do Fórum.

Em 2025, o processo de desinflação deve prosseguir, “num ambiente de crescimento moderado e com pressões salariais cada vez menores, sendo muito provável que se atinja o referencial de 2% do BCE”, refere o Fórum para a Competitividade.

“No 4º trimestre, a economia terá acelerado, como sugerido pela generalidade dos indicadores, em particular o clima económico do INE. O rendimento disponível das famílias aumentou com a alteração das tabelas de retenção do IRS e o pagamento extra das pensões, favorecendo o consumo privado, que já estava a dinamizar o PIB”, refere o Fórum.

A entidade liderada por Pedro Ferraz da Costa refere que “o investimento tem estado fraco, mas terá melhorado no 4º trimestre, pelo menos no que respeita à construção, que tardava em beneficiar do PRR e da crise da habitação. As exportações têm estado com alguma volatilidade, mas poderão ter melhorado no final do ano”.

“Para além dos desafios conjunturais, é necessário recordar que Portugal continua a evidenciar um crescimento modesto, a necessitar de melhorar, como, aliás, o atual governo definiu no seu programa”, salienta o Fórum para a Competitividade.

“São necessárias reformas estruturais, com resultados concretos, destacando-se a necessidade de serem direcionadas para os maiores desafios atuais: reindustrialização da UE, para fazer face a riscos nas cadeias de fornecimento; reorientação da produção com conflitos comerciais; adaptação às alterações climáticas, quer na produção de energia, quer em múltiplas outras áreas; recuperar o atraso na economia do futuro, no campo digital, em particular na Inteligência Artificial, em linha com as recomendações do Relatório Draghi; ser fornecedor no aumento exponencial da despesa militar na NATO”, defende a entidade liderada por Pedro Ferraz da Costa.

Os economistas do Fórum consideram que “o recente acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas é de saudar, ao fim de 15 meses de grande conflito, mas será cedo para confiar que a paz poderá ser alcançada em breve”.

Já sobre a tomada de posse de Trump, os economistas defendem que “deverá ser seguida de muitas novidades, quer a nível da segurança internacional, quer a nível económico, destacando-se o provável início de uma guerra comercial com vários países; desregulamentação interna, com possível replicação em outras geografias; e decisões duras sobre a imigração, que também poderão vir a ser de algum modo imitadas noutras paragens”.

Sobre Portugal e a elevada volatilidade das exportações, o Fórum diz que, em novembro, as exportações de bens voltaram a cair, depois de dois meses de crescimento significativo, persistindo uma elevada volatilidade mensal.

Ainda assim, no trimestre terminado naquele mês, o crescimento foi de 6,4%, o terceiro mais elevado do ano.

“Em termos de destinos, é de salientar a recuperação dos EUA, após alguns meses de fortes quedas e a relativa resiliência das exportações para França e Alemanha, apesar do fraco desempenho destas economias. Em termos de produtos, os Automóveis estavam com quedas muito significativas, mas conseguiram melhorar fortemente nos últimos meses, excepto em novembro”, acrescenta.

“A nível nacional, a incerteza política terá diminuído com as últimas sondagens, que terão decrescido o interesse de vários partidos da oposição em criar uma crise política”, acrescentam os economistas que consideram que isto “é uma boa notícia para a aprovação de reformas económicas de que o país tanto precisa e para a criação de um ambiente favorável ao investimento”.

“Espera-se a continuação da descida das taxas de juro pelo BCE, que poderá vir a acentuar-se se se mantiver a debilidade nas maiores economias da zona euro, beneficiando as nossas famílias e empresas, especialmente expostas às taxas de juro variáveis”, diz o Fórum.

Outro dado que se destaca do relatório do Fórum é sobre o facto de, em Dezembro, Draghi ter feito um discurso, já conhecido por Draghi Plus, no qual acrescenta a necessidade de estimular a procura interna às anteriores recomendações. “No entanto, é necessário cuidado na extrapolação das recomendações a nível nacional, sobretudo no caso de Portugal”, referem os economistas.

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