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Portugal e Espanha lideram revitalização da competitividade europeia com energia verde

A Península Ibérica tem condições para se tornar um polo central de indústrias críticas e isso poderia ter um “impacto potencial no PIB da região até 15%” e criaria ainda um milhão de empregos. CEOs de empresas do setor, sócios da consultora McKinsey e a vice-presidente da Comissão Europeia reuniram-se no Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos.
22 Janeiro 2025, 08h34

O Fórum Económico Mundial já arrancou em Davos e vários líderes do setor energético de Portugal e Espanha foram apresentar a Iniciativa Ibérica de Indústria e Transição Energética, onde destacaram como os dois países da Península Ibérica já estão a lideres nas estratégias europeias da transição energética.

Os CEO de empresas como EDP, Iberdrola, Naturgy, Repsol, BBVA, Moeve e Santander, bem como sócios da consultora McKinsey, reuniram-se com Teresa Ribera, vice-presidente executiva da Comissão Europeia para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva, e destacaram a posição privilegiada de Portugal e Espanha para contribuir para revitalizar a competitividade europeia e promover, aceleradamente, a transição de energia verde.

Na conversa, os dois países apelaram ainda a mais investimento e a colaboração para alcançar os objetivos ambiciosos em torno de cinco ações que estes consideraram fundamentais.

A análise da iniciativa destaca que Portugal e Espanha se posicionam unicamente no mercado por conta das “dotações naturais, reserva de talento e infraestruturas existentes”, algo que lhes permite “tornarem-se polos centrais de indústrias críticas, o que teria um impacto potencial no PIB da região até 15%, criaria aproximadamente um milhão de empregos (300 mil em Portugal e 700 mil em Espanha), 20% dos quais altamente qualificados”. Também os países sairiam beneficiados por a aposta vir a aumentar o rendimento do Estado entre 5% e 10% e o total das exportações cresceria até 20%.

“O valor potencial em causa para recuperar a sua vantagem industrial é significativo, podendo atingir um bilião de euros em valor acrescentado até 2030, o que representa três a seis vezes o investimento anual adicional necessário para atingir o net zero“, indicam. Contudo, a captação deste valor “exige um ambiente favorável, incluindo um investimento considerável em infraestruturas, inovação tecnológica e políticas climáticas competitivas e estáveis que apoiem tecnologias que contribuam para a descarbonização”.

O CEO da portuguesa EDP, uma das empresas presentes na reunião com Teresa Ribera, indica que os dois países “têm uma oportunidade extraordinária de liderar a transição energética e a competitividade da Europa, tirando partido dos seus recursos naturais abundantes, metas ambiciosas para as energias renováveis e soluções energéticas inovadoras”.

“No entanto, desbloquear todo o potencial deste ‘hub verde’ exigirá a simplificação dos processos de licenciamento, maiores investimentos na rede elétrica e estabilidade regulatória tanto a nível nacional como europeu. Ao abordar estas barreiras e ao agir de forma decisiva agora, podemos atrair indústrias estratégicas, impulsionar o crescimento económico e garantir um futuro sustentável para a Península Ibérica e para a Europa como um todo”, aponta Miguel Stilwell d’Andrade.

Quais as cinco ações para capitalizar a Península Ibérica?

O primeiro passo, na visão das empresas, seria “implementar sistemas de incentivos eficazes para colmatar a diferença de competitividade de custos entre as soluções ecológicas e as alternativas baseadas em combustíveis fósseis”, nomeadamente o incentivo à descarbonização das utilizações finais de energia através da eletrificação a custos competitivos, “exploração de sistemas de incentivos à produção de biocombustíveis e o aumento da disponibilidade de empréstimos bonificados e garantias para projetos H2 FOAK”.

O próximo seria “fornecer quadros regulatórios eficazes e estáveis para garantir a previsibilidade e a solidez dos projetos, incluindo a implementação de mecanismos de remuneração por capacidade e a formalização de processos para pedidos de ligação à rede”.

Relacionada com a segunda ação, as empresas pedem a redução dos encargos administrativos e encurtar os processos de licenciamento para minimizar os longos períodos de licenciamento, “como a transposição rápida para o licenciamento de Fim do Estatuto de Resíduo (FER), a criação de processos centralizados para o licenciamento de hidrogénio verde, a aceleração dos processos de licenciamento para atrair a capacidade de fabrico de células em conformidade com a Lei da Indústria Net-Zero e a otimização dos processos de aprovação para ligações à rede para toda a procura”.

A quarta ação será “desenvolver casos de projetos sólidos, com vista a “garantir esquemas de financiamento robustos e estáveis, incluindo a disponibilidade/adoção de PPA em maior escala, a formação de alianças com capacidades de contribuição de capital, a promoção de financiamento para soluções de descarbonização industrial e a criação de ambientes atrativos para atrair indústrias com utilização intensiva de energia”.

Para as empresas há também a necessidade urgente de implementar a expansão da rede e melhorar o planeamento a longo prazo, com vista a garantir uma adoção coordenada entre projetos e o aumento de eletrificação e otimizar o consumo de energia.

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