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EUA: Donald Trump perseguirá quem se opuser às suas decisões sobre imigração

Um dia depois de os procuradores públicos de vários Estados terem colocado reservas às decisões do novo presidente sobre imigração, Donald Trump instruiu o Departamento de Justiça para acabar com a ‘revolta’.
Donald Trump
23 Janeiro 2025, 07h00

O governo do presidente Donald Trump ordenou que os promotores públicos dos Estados Unidos investiguem criminalmente as autoridades estaduais e locais que tentarem resistir aos esforços de fiscalização da imigração e aos novos processos de gestão do problema propostos pelas ordens presidenciais assinadas nos últimos dias. Um memorando enviado à equipe do Departamento de Justiça, revelado pela agência Reuters, refere que “a lei federal proíbe que agentes estaduais e locais resistam, obstruam ou deixem de cumprir ordens e solicitações legais relacionadas com a imigração”. O memorando é da autoria de Emil Bove, procurador-geral adjunto interino nomeado por Trump e que foi um dos membros da equipe de defesa jurídica do novo presidente.

O memorando, datado desta terça-feira, sinaliza uma postura agressiva do Departamento de Justiça em relação às políticas de imigração – em linha com as decisões de Trump – e levanta a possibilidade de acusações criminais para aqueles que interferirem ou não cumprirem o que está decidido. As autoridades estaduais e locais que resistirem ou obstruírem a aplicação da lei de imigração podem ser acusadas de acordo com leis federais que proíbem defraudar os Estados Unidos ou abrigar imigrantes que estão ilegalmente nos Estados Unidos, refere o ‘recado’.

Se os promotores optarem por não apresentar acusações criminais após tais investigações, serão obrigados a alertar a liderança do Departamento de Justiça, ainda de acordo com o memorando. No seu primeiro dia no cargo, o presidente republicano declarou a imigração ilegal uma emergência nacional, encarregando o exército de auxiliar na segurança da fronteira, emitindo uma ampla proibição de asilo e tomando medidas para restringir a cidadania de crianças nascidas em solo americano.

Esta é uma das decisões mais polémicas de todas as que foram tomadas pelo novo presidente – que, inclusivamente, alguns analistas consideram anti-constitucional e, por isso, impossível de ser cumprida.

O memorando também restabelece uma política em vigência no primeiro governo Trump, sob o comando do ex-procurador-geral Jeff Sessions. “Os promotores devem acusar e perseguir as ofensas mais sérias e facilmente prováveis”. O memorando foi divulgado um dia após o governo Trump demitir inesperadamente quatro altos funcionários ligados à imigração.

Além das suas ordens sobre imigração, Trump também ordenou que o Departamento de Justiça retomasse o uso da pena de morte federal e instruiu o procurador-geral a tentar a pena de morte contra imigrantes ilegais que cometam um crime capital. “É responsabilidade do Departamento de Justiça defender a Constituição e, consequentemente, executar legalmente as políticas que o povo americano elegeu o presidente Trump para implementar”, afirma o memorando.

Recorde-se que esta terça-feira, procuradores-gerais de 18 Estados processaram o presidente Donald Trump, na tentativa de bloquearem a ordem executiva que acaba com o reconhecimento como cidadãos norte-americanos dos filhos de imigrantes não autorizados nascidos nos Estados Unidos. Este poderá ser o primeiro passo de uma longa batalha legal sobre as políticas de imigração da administração Trump. A queixa, apresentada no Tribunal Distrital Federal de Massachusetts, foi acompanhada pelas cidades de São Francisco e Washington, D.C., refere a imprensa norte-americana.

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