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Costa Silva: “Que Angola queremos construir?”

António Costa Silva nasceu em Angola, cuja independência defendeu, sofrendo na pele as consequências dessa escolha. Aceitou a pasta da Economia e do Mar no XXIII Governo e fez da escrita uma parte da sua sua trajetória, onde também cabe a esperança como “gramática da vida”.
1 Fevereiro 2025, 22h00

Imagine o majestoso Kwanza, serpenteante nos seus quase mil quilómetros, desde Mumbué até que abraça o Atlântico, a sul de Luanda. Aí desaguam os medos, as lutas, as perdas, os amores, as memórias, os anseios de quem sonha construir Angola. Plasmar em livro, num romance, essa vontade poderá ser, quiçá, a melhor forma de pintar a realidade. António Valis aventurou-se a fazê-lo em “Desconseguiram Angola”, livro dado à estampa em 2005, agora republicado sob o verdadeiro nome do autor, António Costa Silva.

 

 

“O nome é uma brincadeira que eu fiz comigo próprio”. [sorriso] “Comecei a desenhar esse nome, António Valis na prisão, e os primeiros livros foram publicados assim. Era um pseudónimo porque eu sou um escritor amador, a escrita surgiu de forma lateral como um instrumento de resistência”, partilha com o Jornal Económico.

António Costa Silva nasceu a 23 de novembro de 1952 em Angola, na antiga Nova Sintra, hoje Catabola, na província do Bié. Abraçou a política na Universidade de Luanda, onde fez parte dos Comités Amílcar Cabral, apoiantes da independência da antiga colónia portuguesa. Começou a escrever na prisão de São Paulo, em Luanda, quando foi preso pela Polícia Política do MPLA, entre 1977 e 1980. “Foram quase três anos de prisão, mas, no primeiro ano, fui submetido a muitas torturas. Estava isolado numa cela, era torturado praticamente dia sim, dia não, e a única maneira de resistir era exatamente apoiar-me na mente. E uma pessoa descobre, nas situações limite, que a mente humana é extraordinariamente poderosa, para não nos deixarmos desestruturar, não enlouquecermos, aguentarmos tudo”. O objetivo, diz, “era acordar vivo no dia seguinte”.

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