Os dados da empresa de mercados de capitais S&P Global referem que existiu um abrandamento, em janeiro, na recessão verificada no setor da manufatura da Alemanha, com os produtores de bens a reportarem descidas a um ritmo mais baixo tanto na produção, como nos novos pedidos, dos últimos oito meses.
As perspetivas económicas para o setor também melhoraram, apesar das empresas continuarem a reduzir o número de trabalhadores, face aos “esforços para reduzir o excedente de capacidade”, assinala a S&P Global.
A S&P Global assinalada também a “fraqueza” que se tem verificado do lado da procura, um fator que “pesou” sobre a fixação de preços dos fabricantes no início de 2025.
“O desconto foi o menos prevalente dos últimos cinco meses, com os custos a tenderem para a estabilização”, assinala a empresa.
O indicador da manufatura alemã, em janeiro, fixou-se em 45 (valores abaixo de 50 indicam contração), uma melhoria face aos 42,5 do mês passado, com as “quedas mais lentas na produção e nos novos pedidos” a serem os principais fatores que justificam a melhoria no setor da manufatura alemã em janeiro.
A empresa assinala também que o ritmo de contração da produção “teve uma queda visível” a partir de dezembro sendo também “a mais fraca” em oito meses.
O economista chefe do Hamburg Commercial Bank, Cyrus de la Rubia, referiu que o “medo” das tarifas dos Estados Estados, o “medo” das eleições antecipadas, na Alemanha, e também o “medo” do aumento das insolvências “não é propriamente a receita para acabar com a recessão” no setor da manufatura em terras alemãs.
“Com um ambiente tão difícil, não é surpresa que o PMI para a indústria ainda esteja no vermelho, sinalizando a continuação da crise que se verifica desde meados de 2022. Embora o PMI tenha subido, só se esperaria uma estabilização sustentada se fossem ultrapassados os 50 ou se existisse pelo menos três meses de aumentos consecutivos”, diz o economista.
“A quebra de produção em janeiro não foi tão severa como nos sete meses anteriores. Chamar a isto um raio de esperança pode ser um exagero, mas vários indicadores mostram que a deterioração dramática deste indicador diminuiu um pouco. Isto aplica-se a novos pedidos, pedidos pendentes e quantidades compradas. Num sinal genuinamente positivo, as empresas estão a olhar para o futuro com muito mais confiança, acreditando que poderão produzir significativamente mais daqui a um ano”, assinala o economista do Hamburg Commercial Bank.
Cyrus de la Rubia diz ainda que o Índice de Produção Futura alemão “atingiu o nível mais elevado” desde fevereiro de 2022, com algumas empresas a justificar este otimismo “com a perspetiva de taxas de juro mais baixas” e com expetativas de que a economia “irá recuperar após as eleições parlamentares alemãs com um novo Governo”.
O economista defende que a redução de stocks de bens adquiridos “sinaliza que a recuperação económica vai demorar algum tempo”, adiantando que a taxa de stocks “mantém-se elevado” e que a fase de redução de stocks “é excecionalmente longa”.
O economista diz ainda que o “declínio descontrolado” no setor da manufatura “parece ter parado”, o que se aplica à produção e às novas encomendas, que têm estado em queda a “um ritmo rápido” no segundo semestre de 2024.
“Os números de janeiro sugerem que a carteira de encomendas poderá estar a estabilizar”, diz Cyrus de la Rubia tendo em conta que se tratou da maior descida desde agosto de 2022. Apesar disso o economista considera que “a situação continua a ser crítica”.
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