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Passos Coelho: “Nacionalizar o BES? BPN era pequenino e custa biliões de euros ao Estado”

À saída do tribunal, onde decorreu o julgamento BES/GES, o antigo primeiro-ministro respondeu ainda porque é que, no seu entender, não fazia sentido a nacionalização do BES: “O BPN era um banco pequenino mas a sua nacionalização ainda custa biliões ao Estado; agora imagine uma coisa com a dimensão do BES”.
11 Fevereiro 2025, 13h45

Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro, esteve esta terça-feira em tribunal como testemunha no julgamento BES/GES e à saída, aos jornalistas fez várias considerações sobre o caso: não quer a culpa morra solteira e explica porque é que a nacionalização do BES seria impensável.

“Creio que agi de acordo com a interpretação que fiz do interesse nacional e julgo que isso defendeu o país e o Estado
O caso está a ser julgado e como qualquer cidadão interessado, espero que o processo possa ser concluído sem que a culpa morra solteira”, começou por referir.

Sobre o motivo pelo qual foi preferida a resolução à nacionalização do BES, o antigo governante explicou que essa decisão já tinha sido tomada em relação ao BPN e o BPN “era um banco pequenino”. Apesar disso, “a sua nacionalização ainda custa biliões de euros ainda hoje ao Estado português; agora imagine uma coisa com a dimensão do BES”.

“Não temos uma cultura de casos bem sucedidos nessa matéria porque teríamos uma fatura pesadíssima. Era impensável que a CGD pudesse prover financiamento ao GES, porque o grupo não tinha sustentabilidade financeira”, referiu.

O que disse em tribunal?

O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho disse esta terça-feira em tribunal que, em maio de 2014, sugeriu ao então banqueiro Ricardo Salgado que negociasse com os credores do Grupo Espírito Santo (GES) uma “falência ordenada” desta entidade.

O chefe de Governo à data da resolução do Banco Espírito Santo (BES), no verão de 2014, contou que a recomendação foi dada depois de, numa reunião com Ricardo Salgado e outros dois elementos da instituição, estes terem solicitado que o Estado implementasse um programa de apoio ao GES.

“Essa reunião traduzia o pedido do Dr. Ricardo Salgado de ver o Governo, não direi impor, mas dar orientações à Caixa Geral de Depósitos e, eventualmente se isso fosse necessário, dar algum aporte positivo sobre um plano de reestruturação junto de outros bancos […] para um programa de apoio financeiro ao Grupo Espírito Santo”, afirmou Pedro Passos Coelho, ao testemunhar no julgamento do processo principal do colapso do BES/GES.

Além de apoio financeiro, a administração do BES pretenderia que fosse possível fazer “uma troca de ativos”, de modo a gerir aqueles que poderiam “estar a pressionar a saúde financeira do grupo”.

“A minha reação foi muito prática: transmiti que esse plano não tinha qualquer viabilidade”, frisou.

Neste contexto, o então primeiro-ministro deu “uma sugestão no sentido de evitar a falência desordenada do GES”, propondo a Ricardo Salgado que reunisse “os seus credores mais relevantes” e negociasse “com eles uma falência ordenada”.

Pedro Passos Coelho recordou ainda que, em abril de 2014, tivera já uma primeira reunião com o ex-presidente do BES, na qual este mostrara “desconforto com a forma como o governador do Banco de Portugal lidava com o BES”.

“Era sabido que o Banco de Portugal estava empenhado em garantir uma substituição da administração do BES, não ajudar à confusão entre a situação que era razoavelmente conhecida do Grupo Espírito Santo e a do próprio banco”, acrescentou.

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