A divisão das responsabilidades financeiras de curto e longo prazo durante um casamento podem ser complicadas de gerir, e muitas vezes acabam por prejudicar os conjugues. Segundo um inquérito realizado sobre a questão, 58% das mulheres atribui a responsabilidade de tomar decisões financeiras de longo prazo aos seus cônjuges, colocando a sua estabilidade monetária durante o mesmo período em risco.
No mais recente ”UBS Investor Watch”, um estudo conduzido pela UBS Group – uma empresa de serviços financeiros sediada em Zurique – foram inquiridas 3,652 mil mulheres de nove países – Brasil, Alemanha, Hong Kong, México, Singapura, Suíça, Itália, Reino Unido e EUA – com rendimentos entre um milhão e 250 mil dólares anuais. Das inquiridas 2,251 mil são casadas e 1,401 mil são viúvas e divorciadas.
Este inquérito avaliou o seu comportamento de2,251 mil mulheres casadas e 1,401 mil viúvas e divorciadas, e constatou que 85% das mulheres são responsáveis por cuidar das despesas diárias, enquanto que os homens lidam com planeamento de despesas a longo prazo.
Esta estratégia deixa maioria das mulheres mal preparadas para administrar as necessidades financeiras perante momentos críticos das suas vidas, como um divórcio ou a morte do parceiro. A ”Investor Watch” descobriu que o distanciamento das mulheres relativo às decisões financeiras importantes tem-se prolongado durante várias gerações, desde os baby boomers aos millennials.
A razão para este desequilibro financeiro varia entre ”o meu marido nunca me encorajou” para ”ele sabe mais” sobre o assunto.
Apesar deste distanciamento do planeamento a longo prazo, o estudo conclui que as mulheres estão conscientes das suas necessidades financeiras, sendo que 76% das inquiridas referiu a reforma como uma das prioridades, 72% os cuidados a longo prazo e por fim 68% aponta os seguros (de vida ou de saúde) como uma primazia.
No entanto, poucas assumem a liderança na gestão das suas próprias finanças a longo prazo – apenas 23% das inquiridas assume este papel. As mulheres mais jovens afirmam ter responsabilidades mais urgentes do que investimentos a longo prazo e planeamento financeiro.
As millennials – mulheres entre os 20 e os 34 anos – são contudo aquelas que estão mais propensas em deixar o homem liderar, representando 59% da amostra em comparação com 55% das mulheres com mais de 50 anos. Os números atingiram uma alta de 73% na Singapura, seguida de perto por 69% das mulheres millennials do Reino Unido. A América Latina foi a única região a resistir à tendência, com apenas 41% das mulheres dessa geração no México e 40% no Brasil a atribuírem essa responsabilidade aos seus parceiros. Na verdade, as mulheres de todas as faixas etárias na América Latina são as menos propensas a seguir essa tendência.
No estudo, 76% das viúvas e divorciadas inquiridas admitiu que gostariam de ter estado mais envolvidas nas decisões financeiras a longo prazo enquanto estavam casadas, em vez de terem de passar por essas experiências nos momentos determinantes das suas vidas. Níveis mais altos de envolvimento também podem proteger as mulheres de descobertas desagradáveis mais tarde, 74% das mulheres descobriu surpresas financeiras negativas após o divórcio ou a morte de seu cônjuge.
Há contudo uma solução muito simples apontada pelo estudo: a divisão de tarefas.
As mulheres que partilham a mesma responsabilidade pelo planeamento a longo prazo com seus cônjuges argumentaram que havia benefícios claros. Mais de nove em cada dez mulheres – ou 91% das inquiridas – revelaram que se sentem menos stressadas e 94% acredita que se sentem mais confiantes sobre o seu futuro financeiro se este depender da organização conjunta. Por fim, 93% argumenta que se ambos estiverem envolvidos há uma menor margem para erro.
Em Portugal, um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, concluiu que há uma desigualdade acentuada entre homens e mulheres no que diz respeito a trabalho doméstico mas também na educação dos filhos.
”Quando 58% das mulheres em todo o mundo – incluindo os millennials – depende dos homens para as decisões financeiras mais importantes, precisamos de nos perguntar o por quê disso acontecer”, disse Paula Polito, diretora administrativa do UBS Wealth Management. “Esta dinâmica pode continuar por muitas mais gerações, a menos que os homens e as mulheres se comprometerem a tomar decisões financeiras juntos”, explicou.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com