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Universidade de Coimbra lidera projeto para valorizar recursos da Beira Interior

Nesta fase do projeto, entre os produtos a serem desenvolvidos encontram-se cosméticos, produtos de higiene pessoal e repelentes de insetos para animais de companhia e animais de produção, revela Hermínio Sousa, coordenador do BI-WELLNESS e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
21 Fevereiro 2025, 16h43

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um novo projeto de investigação que visa impulsionar a valorização sustentável dos recursos endógenos da Beira Interior. Chama-se BI-WELLNESS e é financiado pelo Programa FCT – BPI Fundação la Caixa Promove – O futuro do interior.

O projeto consiste em usar recursos naturais da região, como águas termais, plantas aromáticas autóctones e subprodutos das indústrias vinícola e olivícola da Beira Interior para desenvolver produtos inovadores e sustentáveis para o bem-estar humano e animal.

Entre os produtos a serem desenvolvidos nesta fase do projeto encontram-se cosméticos, produtos de higiene pessoal e repelentes de insetos para animais de companhia e animais de produção.

“Pretende-se desenvolver produtos exclusivos, baseados numa identidade regional ‘Beira Interior’, uma vez que estes serão coformulados com águas termais e com produtos naturais obtidos a partir de recursos biológicos endógenos da região, conferindo-lhes características diferenciadoras no mercado”, explica Hermínio Sousa, coordenador do projeto e docente do Departamento de Engenharia Química da FCTUC.

BI-WELLNESS é liderado pelo Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade (CERES) da FCTUC, em parceria com o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e o Instituto Politécnico de Viseu (IPV), contando ainda com o apoio de diversas entidades e empresas regionais, bem como com a colaboração da Universidade de Salamanca, Espanha.

Uma das vertentes inovadoras do projeto, destaca Luís Silva, investigador e coordenador da equipa do Instituto Politécnico da Guarda, é a aplicação de técnicas de deteção remota e processamento digital de imagem para mapear e georreferenciar plantas aromáticas autóctones ainda pouco exploradas, presentes nos parques naturais e reservas ecológicas da região.

 

A Beira Interior é um território de baixa densidade populacional que, nos últimos dez anos perdeu, em média, cerca de três mil habitantes por ano, com maior incidência nos concelhos de perfil mais rural. Os valores do PIB per capita da região continuam baixos, com níveis mais elevados de desemprego do que os de outras regiões NUTS III do país e da Europa.

“Torna-se imperativo combater este panorama, nomeadamente através de medidas capazes de estimular e desenvolver atividades económicas mais sustentáveis e de âmbito local, fomentar a criação regional de riqueza multissetorial e dinamizar o turismo termal e de montanha, bem como combater a desertificação demográfica e promover o conhecimento e a criação de emprego qualificado”, adianta Luís Silva.

Nesta fase de arranque do projeto, a equipa de investigação procura a colaboração de empresas regionais que tenham interesse no desenvolvimento conjunto para posterior comercialização deste tipo de produtos.

“A colaboração efetiva de empresas, de preferência regionais, de áreas como cosmética, higiene pessoal e saúde animal, será crucial para o sucesso do projeto uma vez que, sem elas, os objetivos estabelecidos a médio e longo prazo nunca poderão ser alcançados. Acreditamos que, juntos, conseguiremos desenvolver, viabilizar e levar para outras zonas do país os aromas, os benefícios e a qualidade dos produtos da Beira Interior”, explica Hermínio Sousa.

Numa fase posterior, o projeto pretende alargar o desenvolvimento de produtos repelentes para animais companhia e de produção, contribuindo para o controlo de parasitas que, muitas vezes, são vetores de agentes patogénicos, alguns deles zoonóticos. De acordo com Catarina Coelho, docente da equipa do Instituto Politécnico de Viseu, “isto contribuirá não só para a economia regional, dada a importância da produção animal e de produtos de origem animal na região, mas também para a saúde pública, ao mitigar o risco de transmissão de doenças entre animais e humanos”.

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