Independentemente do vencedor da eleição alemã e da solução governativa que daí resultar, manter o equilíbrio orçamental do país parece uma tarefa quase impossível, dada a necessidade de aumentar gastos com defesa, mais pressão demográfica e, em sentido inverso, uma economia em crise. Quem o avisa é o presidente do Instituto Ifo, que antecipa novo ano de crescimento próximo de zero em 2025.
Para Clemens Fuest, presidente do organismo sediado em Munique, o próximo governo alemão enfrenta “um desafio quase impossível” de balancear cortes fiscais para estimular a economia e aumentar gastos com defesa, dada a pressão criada pelos EUA. Esta dinâmica é agravada pelas fracas perspetivas de crescimento, com o Ifo a prever que a Alemanha seja mesmo a economia avançada com menor crescimento em termos globais em 2025.
As previsões melhoram a partir de 2026, quando o PIB deve avançar 1%, mas este ano será ainda de dificuldades para a maior economia do bloco europeu. Em sentido inverso, é também o único país entre as sete economias mais avançadas do mundo (G7) com um rácio de dívida pública abaixo de 100%, criando margem para aumentar o endividamento e potenciar melhor o crescimento.
Ao contrário da generalidade dos países europeus, cuja recomendação das instituições internacionais passa por conter a evolução da dívida, reduzindo-a quando possível, para Berlim as indicações são contrárias.
Mais uma vez, tal remete para uma das características mais peculiares do país e que tem servido nos últimos anos, segundo a maioria dos analistas, mais como uma fonte de fragilidade acrescida do que robustez orçamental: o travão constitucional da dívida.
Segundo a Constituição federal alemã, o défice não pode ultrapassar 0,35% do PIB, limitando fortemente a capacidade do país de emitir dívida e financiar-se nos mercados.
Ainda assim, o presidente do Ifo advoga um financiamento misto, sem deixar o país contar exclusivamente com dívida – tal seria, defende, “um erro”. Assim, a recuperação obriga também a “reformas promotoras do crescimento”, além de uma reestruturação da despesa, tornando-a mais eficiente.
Olhando para as propostas de cada partido, a Faculdade de Ciências Aplicadas de Berlim (HTW) projeta que o programa da CDU acrescente, no máximo, 0,26% de crescimento por ano, impulso que cai até 0,14% em 2030. Já o SPD, do incumbente Olaf Scholz, consegue um impacto de 0,24% no primeiro ano, mas que cai significativamente até 0,07% no final da legislatura.
No entanto, os cortes fiscais pretendidos pelos democratas cristãos têm um custo estimado de 110 mil milhões de euros, de acordo com os cálculos do Instituto Alemão de Estudos Económicos, sendo que o crescimento esperado não será suficiente para fechar este buraco.
Por sua vez, os liberais (FDP) estimulam o crescimento em 0,39% em 2026, mantendo um impacto até 0,29% até 2029, caindo depois para 0,19% em 2030, enquanto os Verdes oscilam entre 0,37% no primeiro ano e 0,11% em 2030.
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