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Casa do Douro aguarda competências e quer antecipar preparação da vindima 2025

A luta agora faz-se em duas frentes, é preciso criar atribuições para a instituição e, ao mesmo tempo, preparar a próxima vindima, daqui a seis meses, que o dirigente disse que “será extremamente importante e difícil”.
26 Fevereiro 2025, 08h52

A direção da Casa do Douro aguarda por uma audiência com o ministro da Agricultura, por competências e um orçamento e quer antecipar a preparação da próxima vindima que antevê “extremamente importante e difícil”.

A direção da Casa do Douro, liderada por Rui Paredes, tomou posse a 27 de janeiro, depois de eleita a 21 de dezembro, nas primeiras eleições após a restauração pelo parlamento como associação pública de inscrição obrigatória.

“Foi um mês que passou muito rápido”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Casa do Douro, com sede no Peso da Régua, distrito de Vila Real.

A luta agora faz-se em duas frentes, é preciso criar atribuições para a instituição e, ao mesmo tempo, preparar a próxima vindima, daqui a seis meses, que o dirigente disse que “será extremamente importante e difícil”.

Rui Paredes advertiu que não é “possível criar competências sem um envelope financeiro” e referiu que ainda aguarda a marcação de uma audiência com o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, acreditando que terá uma resposta “num curto” espaço de tempo.

“Acredito que o senhor ministro está neste momento com esse assunto em mãos”, realçou.

A lei que restaura a instituição inclui competências que estão atribuídas ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e, segundo Rui Paredes, é “preciso clarificar esta situação”.

A instalação do conselho regional de viticultores decorreu com “alguns percalços”, mas o processo está praticamente concluído prevendo-se que fique com 63 delegados.

Houve duas listas candidatas à direção da instituição restaurada, mas Rui Paredes disse que acredita que o que agora move todos os intervenientes são “o viticultor e a viticultura do Douro”.

O dirigente defendeu uma antecipação do comunicado de vindima, aprovado pelo conselho interprofissional do IVDP e que fixa a quantidade de vinho do Porto a produzir em cada campanha.

Este comunicado normalmente é aprovado em julho e, para o responsável, a melhor opção seria no final do mês de abril.

As duas últimas vindimas foram difíceis no Douro, mas em 2024 aumentou a dificuldade dos produtores em vender as suas uvas e o preço de venda também diminuiu.

Entre as medidas em cima da mesa estão a vindima em verde, ou seja, o corte para o chão dos cachos ainda não maduros, reduzindo a produção, mas também o uso dos excedentes da região para produção de aguardente a incorporar no vinho do Porto.

A aguardente regional tem sido reclamada por produtores, mas tem a oposição do comércio. No início da vindima 2024 foi anunciado pelo ministro da Agricultura um estudo sobre a viabilidade desta solução, sem que tenha sido tomada uma decisão até ao momento.

“Não tenho reservas mentais em relação a nenhum tema, vamos discutir os temas para que se criem soluções e que o que se tem vivido nos últimos anos no Douro não se volte a repetir”, frisou Rui Paredes.

O dirigente mostrou-se também preocupado com as adegas cooperativas que têm “sido amortecedores” ao ficar com as uvas de todos os seus associados, sentindo dificuldades com o escoamento dos vinhos e os custos financeiros.

Por fim, abordou a questão do edifício sede da Casa do Douro, que foi cedido à Federação Renovação do Douro (FRD), depois de vencer o concurso para a gestão privada da organização duriense (2015).

A FRD manteve o domicílio fiscal em Vila Real, apesar de ter aprovado a alteração em 2021, em assembleia de associados, só o passando para o edifício da Casa do Douro em 2024, depois da “perda de correio e falta de documentação importante”.

Rui Paredes, também responsável pela FRD, refutou críticas que sugiram sobre esta alteração do domicílio fiscal, justificou que foi apenas por uma questão “de tempo” que só se efetivou em 2024, já depois da restauração, e garantiu que este não vai ser problema até porque a “lei é taxativa” e a sede reverte para a nova Casa do Douro.

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