[weglot_switcher]

BCP com lucros de 906,4 milhões em 2024 a subirem 5,9%

O BCP apresentou lucros de 906,4 milhões de euros no ano passado, o que traduz uma subida de 5,9%. Em Portugal o lucros foi de 786,4 milhões a subirem 8,5% face a 2023. O que o CEO, Miguel Maya, considerou um resultado razoável. A margem financeira estabilizou subindo apenas 0,2% para 2.830,9 milhões.
O presidente da Comissão Executiva e vice-presidente do Conselho de Administração do Banco Comercial Português (Millennium bcp), Miguel Maya, durante a apresentação dos resultados dos primeiros 9 meses de 2024 da instituição bancária na sede em Oeiras, 30 de outubro de 2024. TIAGO PETINGA/LUSA
26 Fevereiro 2025, 17h07

O BCP apresentou lucros de 906,4 milhões de euros no ano passado, o que traduz uma subida de 5,9%. Em Portugal os lucros foram de 786,4 milhões a subirem 8,5% face a 2023. O que o CEO, Miguel Maya, considerou nem excecionais, nem especiais, foram resultados bons. Foi o trabalho de vários anos”. Este é o último ano de mandato da atual administração.

O banco lembra que os resultados do ano anterior tinham sido influenciados pelo ganho extraordinário registado nesse ano, no montante de 139,11 milhões de euros associado à venda, por parte do Bank Millennium, de 80% das ações da Millennium Financial Services, no âmbito da parceria estratégica na área de bancassurance.

O aumento dos proveitos core também contribuiu para o crescimento do resultado do Grupo BCP face ao ano anterior. Os proveitos core sobem 42% para 3.639,4 milhões.

A margem financeira estabilizou, subindo apenas 0,2% para 2.830,9 milhões de euros. Sendo que em Portugal caiu 9% para 1.335,3 milhões, o que não surpreendeu o CEO que já tinha dito que o pico da receita da margem já tinha sido atingido.  As comissões subiram 4,8% no consolidado e 5% em Portugal, para 808,5 milhões e 588,3 milhões, respetivamente.

O produto bancário acabou por cair 5,2% para 3.574,6 no grupo BCP por causa da rubrica “Outro Proveitos” que caiu de 172,3 milhões para 64,7 milhões de euros, devido a operações do banco polaco.

Os custos do BCP também subiram, 12,4% para 1.307,2 milhões. Só em Portugal o custo sobe 9,1% para 673,1 milhões. A maior subida foi nas subsidiárias internacionais.

O rácio de eficiência piorou em 2024 para 37% (era 32% em 2023). Em Portugal também piorou de 30% para 34%.

A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) do grupo BCP ascendeu a 13,8%.

O banco polaco regista um lucro de 167,1 milhões de euros, 25% acima do ano anterior, apesar dos encargos de 750,2 milhões associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços (dos quais 459,82 milhões de provisões) e dos custos relacionados com a prorrogação das moratórias de créditos hipotecários em zlótis que ascenderam a 26,23 milhões.

Em Moçambique o Millennium bim obteve um resultado líquido de 48,5 milhões de euros em 2024, num “contexto difícil” apesar do registo de provisões decorrentes do downgrade da dívida pública moçambicana.

A instituição explica que a evolução do resultado líquido do Grupo BCP face ao ano anterior beneficiou bastante da redução das imparidades e provisões (imparidades de crédito em Portugal caem 24%), refletindo sobretudo o menor reforço da provisão constituída pela filial polaca para fazer face ao risco legal associado aos créditos hipotecários em moeda estrangeira, sendo que a imparidade do crédito também evoluiu favoravelmente.

O rácio de capital CET14 é de 16,3% e o rácio de capital total é de 20,6%,incorporando aqui ( ou seja, já não está a ser considerado) o efeito do programa de recompra de ações no montante de 200 milhões autorizado pelo supervisor”, que vai ser iniciado depois terem tido autorização do supervisor. Os rácios apresentados correspondem a um aumento de 89pb e 72pb, respetivamente face ao período homólogo.

O BCP reportou ainda indicadores de liquidez muito acima dos requisitos regulamentares. Com o LCR (Liquidity Coverage Ratio) em 342%, o NSFR (Net Stable Funding Ratio) em 181% e o rácio de transformação de depósitos em crédito em 66%. O banco ainda tem ativos
disponíveis
para financiamento junto do BCE de 30,9 mil milhões.

Em termos de qualidade da carteira, os ativos não produtivos tiveram uma redução face a dezembro de 2023 de 127 milhões em NPE  (Non Performing Exposure) e de 52 milhões em imóveis recebidos por recuperação (51,9%). O valor dos imóveis líquidos de imparidades ascendeu no fim do ano a 48 milhões de euros. O BCP vendeu no ano passado 569 imóveis recebidos por recuperação sendo o valor de 81 milhões de euros.

O banco destaca que na atividade em Portugal o rácio de NPE é de 1,7%. Os créditos marcado como NPE em Portugal totalizam 973 milhões no final de dezembro de 2024, reduzindose 134 milhões face a dezembro de 2023.

O rácio de NPE é 1,82%. O malparado há mais de 90 dias é 44% disto. A cobertura por imparidades é de 82%.

O custo do risco situouse em 32pb (0,32%) no Grupo BCP em 2024 que compara com 42pb no período homólogo. Em Portugal o custo do risco caiu de 0,54% para 0,31%.

No balanço os recursos de clientes subiram +8,0% para 102,9 mil milhões de euros, com os depósitos a serem de 84 mil milhões (+7,7%). Em Portugal o total de recursos de clientes aumentaram 5,8% para 54,3 mil milhões de euros. A carteira de crédito cresceu 0,7% para 57,2 mil milhões de euros, sendo que Portugal caiu 0,7% para 38,72 mil milhões. O crédito performing a particulares em Portugal aumenta 4,6% com destaque para a carteira de crédito à habitação que atinge 19,3 mil milhões.

“O crescimento da base de clientes foi muito relevante, com um aumento de 10% dos clientes mobile e o número total de clientes já está sete milhões”, salientou o CEO do banco.

 

Contribuições obrigatórias

O montante global das contribuições obrigatórias passou de 72,6 milhões em 2023 para 40,0 milhões de euros em 2024, correspondendo a uma redução de 44,9% face ao ano anterior.

“Esta evolução decorre, em larga medida, do facto de o Conselho Único de Resolução ter determinado que, em 2024, tendo o Fundo Único de Resolução (FUR) atingido o seu nível-alvo, não iriam ser cobradas contribuições ex-ante, a contrastar com os 17,7 milhões de euros
suportados pelo BCP em 2023″, diz o banco.

Por outro lado, “o impacto favorável decorrente da redução dos passivos, após reembolso dos financiamentos obtidos junto do Banco Central Europeu (BCE), que teve lugar no final de 2022, apenas se repercutiu totalmente no custo suportado com as contribuições obrigatórias deste ano, uma vez que o cálculo do montante a pagar quer da contribuição exigida para o Fundo de Resolução Nacional (FRN), quer da contribuição sobre o setor bancário (CSB) e da contribuição adicional de solidariedade a aplicar sobre o sector bancário (CASB) considera
os valores médios do balanço do ano anterior ao qual respeita a contribuição, tendo em conta as observações de fim de mês”, refere o banco.

Assim, apesar de o facto de a taxa de contribuição até ter aumentado (de 0,029% para 0,032%), a contribuição para o Fundo de Resolução  português diminuiu cerca de 30% no último ano, de 9,5 milhões de euros, para 6,5 milhões de euros, enquanto o custo suportado com a contribuição sobre o setor bancário diminuiu de 37,9 milhões de euros, para 27,8 milhões de euros, sendo que a contribuição adicional de solidariedade a aplicar sobre o sector bancário ascendeu a 5,1 milhões de euros que compara com 6,9 milhões de euros apurados no ano anterior.

A contribuição para o fundo de garantia de depósitos, por sua vez, apesar de se situar acima do montante apurado um ano antes, ascendeu a 0,6 milhões de euros, “não tendo um impacto significativo no âmbito desta análise”.

O BCP explica que “apesar da Comissão Diretiva do Fundo de Garantia de Depósitos ter solicitado a liquidação em 2024 de 50% dos compromissos irrevogáveis assumidos pelo banco, cujo montante total ascendia a 95 milhões de euros, a liquidação daquele valor não teve impacto material nos outros proveitos de exploração líquidos no ano corrente, na medida em que foi coberta por provisões constituídas para contingências”.

(atualizada)

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.