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Oliver Wyman: desempenho em bolsa das operadoras de telecomunicações fica aquém da importância na economia

 O relatório ‘The Ideal Telco’, elaborado pela Oliver Wyman no âmbito do Mobile World Congress, define a estratégia que permitirá as operadoras de telecomunicações passar de uma média de 7,4x EV/EBITDA para 9x-11x EV/EBITDA.
People walk next to Brightstar booth at the Mobile World Congress in Barcelona, Spain on February 25, 2019. Photo: Reuters
4 Março 2025, 12h15

O relatório ‘The Ideal Telco’, elaborado pela Oliver Wyman no âmbito do Mobile World Congress, conclui que as empresas de telecomunicações desempenham um papel crucial na economia moderna, fornecendo uma infraestrutura essencial para a conectividade digital e a segurança nacional. Mas, que, apesar da elevada procura por estes serviços e do crescimento das receitas e dos lucros na última década (ainda que inferior ao crescimento económico), as operadoras de telecomunicações não viram esse crescimento refletir-se proporcionalmente na sua valorização em bolsa.

O seu desempenho foi inferior por comparação com o S&P 500 (220% abaixo) e com o restante setor tecnológico do mesmo índice (S&P 500 – 680% abaixo). Neste contexto, o relatório “The Ideal Telco”, elaborado pela Oliver Wyman no âmbito do Mobile World Congress, apresenta um plano claro para que as empresas de telecomunicações revertam esta situação e aumentem as suas avaliações de 6x-7x EV/EBITDA para 9x-11x EV/EBITDA.

O relatório ‘The Ideal Telco’, elaborado pela Oliver Wyman no âmbito do Mobile World Congress, define assim a estratégia que permitirá as operadoras de telecomunicações passar de uma média de 7,4x EV/EBITDA para 9x-11x EV/EBITDA. Para melhorar o seu crescimento e valorização, as empresas de telecomunicações devem focar-se em dois aspetos fundamentais: melhorar a sua posição no mercado a longo prazo e otimizar a sua capacidade de converter receitas em liquidez, defende a consultora.

Através de ações que favoreçam a sua estabilidade no mercado e a otimização da conversão de receitas em liquidez, as operadoras podem gerar um crescimento anual das receitas entre 2% e 3% e um crescimento do cash flow entre 3% e 5%, defende a Oliver Wyman.

Como aumentar a valorização das empresas de telecomunicações?

Segundo a consultora, existem quatro fatores-chave que podem favorecer o desempenho das operadoras de telecomunicações e melhorar os seus EV/EBITDA.

A Oliver Wyman destaca que as redes de telecomunicações passaram de simples fornecedores de conectividade a ativos estratégicos fundamentais para a segurança nacional; os reguladores estão a começar a repensar as estruturas de mercado atuais, que poderão não estar a gerar o investimento e a qualidade de serviço desejados; a próxima onda de inovação tecnológica será mais longa, previsível e incremental, em comparação com os grandes avanços tecnológicos anteriores; e os operadores tradicionais em mercados maduros estão a priorizar a expansão do mercado e dos seus serviços, em vez de se focarem no crescimento da sua quota de mercado.

“Para melhorar o seu crescimento e valorização, as empresas de telecomunicações devem focar-se em dois aspetos fundamentais: melhorar a sua posição no mercado a longo prazo e otimizar a sua capacidade de converter receitas em liquidez”, defende o estudo.

Já para melhorar a sua posição no mercado, segundo a Oliver Wyman, “é necessária uma visão partilhada entre operadores e responsáveis políticos, para garantir dinâmicas competitivas sustentáveis; uma dinâmica racional do mercado; uma diferenciação clara entre marcas premium e de baixo custo; e fomentar a lealdade dos clientes, reduzindo a taxa de abandono através de estratégias personalizadas”.

“Além disso, em termos de otimização de valor, as operadoras devem implementar estratégias comerciais e multimarca diferenciadas, aproveitar tecnologias como a inteligência artificial para melhorar a segmentação e a personalização das ofertas, e expandir-se além do negócio principal, fortalecendo a oferta B2B”, acrescenta.

Por outro lado, a solidez do cash flow é essencial para a estabilidade financeira das operadoras, refere a consultora. Para isso, as operadoras devem aproveitar duas grandes tendências: a redução de custos através do uso da tecnologia e a simplificação do negócio.

A par disso, o investimento em infraestruturas e melhorias tecnológicas é um aspeto fundamental, mas deve ser gerido de forma estratégica para maximizar o seu impacto. Para isso, as operadoras devem equilibrar o investimento em Capex com todos os outros compromissos de cash flow, investindo apenas nas capacidades que sustentem uma diferenciação competitiva e fazendo investimentos inteligentes para reduzir o custo total, defende a Oliver Wyman.

Aplicando estas mudanças, as operadoras podem criar um modelo comercial e operativo que gere um crescimento anual das receitas entre 2% e 3%, e um crescimento do cash flow entre 3% e 5%, revalorizando as suas empresas e o setor em geral.

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