O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, exige o fim de todas as tarifas alfandegárias dos Estados Unidos ao seu país para retirar as aplicadas em retaliação por Otava, segundo um alto funcionário do governo.
Após Trudeau ter falado hoje por telefone com o Presidente norte-americano, Donald Trump, o alto funcionário confirmou a posição do chefe do governo canadiano à agência AP, sob a condição de anonimato por não estar autorizado a falar publicamente sobre o assunto.
Após membros da administração Trump terem admitido a possibilidade de uma negociação, no final da qual as tarifas a aplicar ficassem abaixo dos 25% aplicados desde terça-feira por Washington às importações canadianas, vários membros do governo canadiano ecoaram publicamente a posição de Trudeau.
“Não estamos interessados em encontrar um meio termo e ter alguma tarifa reduzida. O Canadá quer que as tarifas sejam removidas”, disse o ministro das Finanças canadiano, Dominic LeBlanc, à Canadian Broadcasting Corporation.
A mesma posição foi assumida pelo primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, líder da província mais populosa do Canadá.
“Zero tarifas ou nada. Este ataque não foi iniciado pelo nosso país. Foi iniciado pelo Presidente Trump. Ele decidiu declarar uma guerra económica contra o nosso país e a nossa província, e nós vamos manter-nos firmes”, disse Ford.
Trump lançou uma nova guerra comercial na terça-feira, impondo tarifas aos três maiores parceiros comerciais de Washington, atraindo retaliação imediata do México, Canadá e China e penalizando os mercados financeiros.
Trump impôs tarifas alfandegárias de 25%, mas no caso do Canadá limitou a 10% a taxa sobre a energia, de que os Estados Unidos dependem.
Se as tarifas não forem eliminadas, disse a Ford à AP, as indústrias automóvel norte-americana e canadiana terão cerca de 10 dias antes de começarem a encerrar as linhas de montagem nos EUA e Ontário.
“As pessoas vão perder os seus empregos”, alertou Ford.
Depois de as taxas de importação terem prejudicado o mercado bolsista e preocupado os consumidores, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse na quarta-feira que poderiam ser consideradas exceções, mas vincou a necessidade das taxas.
“Haverá tarifas. Vamos ser claros”, disse Lutnick numa entrevista à Bloomberg Television.
Em 02 de abril, Trump planeia anunciar o que chama de tarifas “recíprocas” para igualar as tarifas, impostos e subsídios de outros países, potencialmente aumentando de forma drástica a taxação sobre o comércio global.
Trudeau já tinha avançado na segunda-feira que iria implementar medidas de retaliação às tarifas de Trump, apesar de este ter adiado temporariamente a introdução destas taxas em troca de medidas contra o tráfico de droga.
O Presidente dos Estados Unidos ameaçou depois aumentar ainda mais as tarifas aos produtos canadianos caso o Canadá opte por impor taxas de 25% sobre as importações norte-americanas.
Hoje, Trump concedeu uma isenção de um mês aos fabricantes automobilísticos relativamente às novas tarifas sobre as importações do México e do Canadá.
“Falámos com os três grandes fabricantes automóveis […]. Vamos dar uma isenção de um mês”, anunciou Trump, citado pela agência AP.
Na terça-feira, a Presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que o país vai responder até domingo com tarifas retaliatórias sobre produtos norte-americanos.
Hoje, a chefe de Estado mexicana afirmou que o país se encontra num “momento muito decisivo”, após o anúncio da imposição das tarifas pelos Estados Unidos.
A chefe de Estado insistiu, por isso, que o país “procurará” outros parceiros comerciais, como o Canadá, se tais taxas se mantiverem, considerando cruciais os próximos dias.
“O que posso dizer-vos é que é um momento muito decisivo para o México, dependendo do que acontecer nestes dias, até domingo”, afirmou Sheinbaum na sua conferência de imprensa diária.
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