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007 ao serviço de Jeff Bezos, por mil milhões de dólares

A próxima grande decisão que a Amazon terá de tomar é escolher quem será James Bond, agora que foi encerrada a era da família Broccolli. Pagou mil milhões de dólares para o poder fazer.
Joshua Roberts / Reuters
9 Março 2025, 18h00

Será a Amazon a decidir quem será o próximo Bond, James Bond, agente secreto ao serviço de Sua Majestade, com licença para matar. É muito mais do que uma decisão de negócio, é mexer com o imaginário construído ao longo de 25 filmes oficiais, desde 1962, e encerra a era da família Broccolli como guardiã da personagem criada por Ian Fleming.

O conglomerado empresarial de Jeff Bezos comprou a produtora e distribuidora de cinema e televisão MGM por 8,5 mil milhões de dólares (cerca de 7,4 mil milhões de euros ao câmbio atual), em 2022, um ano depois da estreia do último filme de James Bond, “No time to die (Sem Tempo para Morrer)” também o último dos cinco filmes de Daniel Craig como encarnação do agente secreto.

Pagou um prémio generoso, superior a 40% das avaliações feitas, para ficar com o estúdio centenário e o seu arquivo de mais de 4.000 filmes e 17.000 episódios de televisão para o juntar ao serviço de streaming Prime Video e à produtora Amazon Studios.

A Amazon é a segunda maior empresa do mundo em receitas e um dos maiores serviços digitais globais. As receitas no segmento de serviços por subscrição aumentaram 10,3% no ano passado, face ao anterior, para 44,37 mil milhões de dólares (cerca de 41 mil milhões de euros). Nestes serviços está incluído o Amazon Prime, que tinha 200 milhões de subscritores pagantes 2021, os últimos dados tornados públicos.

Um dos ativos de maior de maior projeção é a série de filmes de James Bond, que geraram já mais de 7,8 mil milhões de dólares (cerca de 7,2 mil milhões de euros) desde Sean Connery e Ursula Andress, James Bond e Honey Ryder em Dr. No. Skyfall, a história de maior fôlego da era de Daniel Craig, estreado em 2012, é o campeão de bilheteira, com mais de 1,1 mil milhões de dólares (cerca de mil milhões de euros) arrecadados.
Todos os filmes tiveram por trás a EoN (Everything or Nothing), a produtora criada por Albert “Cubby” Broccoli e Harry Saltzman, que agarrou a oportunidade de ter os direitos da personagem. Todos os filmes não, que pelo meio há um “Casino Royale”, com David Niven, e depois “Never say never again” (Nunca mais digas nunca), com Sean Connery, que não são da EoN.

A Cubby Broccoli, que morreu em 1996, sucederam Barbara Broccoli e Michael Wilson, filha e enteado, e o legado continuou. Até agora. A Amazon tinha o histórico, a marca, mas não o controlo criativo, mas está a comprá-lo agora, por mil milhões de dólares (cerca de 925 milhões de euros), reportados, mas ainda não confirmados.

É o fim de uma era. “Desejo ao Michael uma reforma longa, relaxante (e bem merecida), e quaisquer que sejam os empreendimentos que a Barbara venha a concretizar, sei que serão espetaculares e espero poder fazer parte deles”, diz Craig, ele que também deixou a personagem, citado pelo “The Guardian”.

Os mais longos hiatos sem filmes de 007 foram os seis anos que decorreram entre “Licence to Kill” (Licença para Matar), o segundo com Timothy Dalton, e “GoldenEye”, o primeiro da era de Pierce Brosnan, e, depois, entre “Spectre” e “No Time to Die”, devido à pandemia de Covid-19. Agora, o futuro está todo nas mãos da Amazon. Tic, tac, tic, tac.

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