Donald Trump voltou a garantir mais tarifas contra o Canadá, ameaçando com uma subida de 25 pontos nas importações norte-americanas de aço e alumínio, o que colocaria a tarifa destes produtos em 50%. Esta ordem do presidente deve entrar em vigor quarta-feira de manhã, ou seja, no dia seguinte ao seu anúncio, onde Trump voltou a ameaçar com a anexação do vizinho do Norte.
A decisão da Casa Branca surge após a imposição de um imposto de 25% pelo governo canadiano nas exportações de energia para os EUA, uma opção do primeiro-ministro da província de Ontário, Doug Ford, em resposta às tarifas transversais acrescidas de 25% decretadas no mês passado. O político canadiano ameaçou ainda cortar totalmente o fornecimento energético aos EUA.
“Baseado [na decisão] de Ontário, Canadá, aplicar uma tarifa de 25% sobre ‘eletricidade’ para os EUA, dei instruções ao meu secretário do Comércio para acrescentar uma tarifa adicional de 25%, para 50%, em todo o aço e alumínio a entrar nos EUA do Canadá, uma das nações com tarifas mais altas do mundo”, escreveu o 47.º presidente na sua página da rede social por si detida, a Truth Social.
No último ano para o qual existem dados consolidados, 2021, o Canadá aplicou uma tarifa média de 2,35%, ou seja, apenas 0,05 pontos percentuais acima da registada nos EUA, segundo dados da Fitch.
A decisão entrará em vigor a 12 de março, ou seja, esta quarta-feira de manhã, acrescentou Trump, que aproveitou ainda para voltar a ameaçar o país vizinho com a anexação. “A única coisa que faz sentido é o Canadá tornar-se no nosso estimado 51.º estado”, escreveu o presidente dos EUA.
O primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau tem vindo a acusar diretamente Trump de tentar enfraquecer a economia do Canadá para facilitar a anexação, garantindo que tal nunca irá acontecer. A aplicação de tarifas, argumentou na passada semana, “é algo muito estúpido de se fazer”, um sinal claro da subida de tom entre os dois países.
Também o sucessor de Trudeau, o novo líder do Partido Liberal e antigo governador do Banco do Canadá, Mark Carney, avisou Washington que o vizinho do Norte “nunca irá fazer parte da América – de forma alguma”. Já Doug Ford garantiu que não hesitará em cortar o abastecimento energético aos EUA, embora reforçando que “isso seria a última coisa que quereria fazer”.
Por outro lado, caso estas políticas norte-americanas causem uma recessão, a culpa será atribuível ao país e ao seu presidente. “Se tivermos uma recessão, vamos chamar-lhe a ‘recessão Trump’”, afirmou o líder do governo provincial de Ontário.
Trump aproveitou a oportunidade para reforçar as ameaças aos setores automóvel, agrícola e de defesa canadianos, classificando as suas políticas comerciais como “antiamericanas” e exigindo a remoção das barreiras à entrada de produtos lácteos norte-americanos – uma tarifa imposta pelo Acordo de Comércio Canadá-EUA-México.
O regressado presidente voltou a falar erradamente em “subsídios” na casa dos 200 mil milhões de dólares dos EUA ao Canadá como forma de se referir ao défice comercial entre os dois países, embora repleto de imprecisões. Na realidade, o saldo da balança comercial Canadá-EUA é favorável aos canadianos por 63 mil milhões de dólares (57,6 mil milhões de euros), mas tal inverte-se se excluirmos os produtos energéticos – ou seja, em termos de bens não-energéticos os EUA têm um superavit comercial com o Canadá.
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