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Schäuble: “Maior despesa pública não equivale automaticamente a um maior contentamento”

Numa entrevista ao Financial Times, e a propósito da austeridade, o antigo ministro alemão afirmou que “se poderia ter feito as coisas de forma diferente”.
REUTERS/Hannibal Hanschke
24 Março 2019, 10h49

Aos 76 anos, agora presidente do Parlamento alemão (Reichstag), Wolfgang Schäuble não pensa em reformar-se da política. “Fui eleito em 2017 para um mandato de quatro anos. Não há nenhuma razão para pôr isso em causa.”

Neste entrevista, o deputado democrata-cristão considera que alguns países nunca deveriam ter sido admitidos no euro, como é o caso da Grécia. Quando a crise financeira e económica rebentou naquele país, afirmou que Atenas deveria sair do euro para poder desvalorizar a moeda e assim reconquistar competitividade. “Toda a gente disse que não”, disse ao FT.

O antigo ministro das Finanças alemão continua a defender que “maior despesa pública não equivale automaticamente a um maior contentamento” entre as pessoas.

Para Schäuble, o problema é que a implantação do euro não foi acompanhada de uma maior integração das políticas europeias (económicas, laborais, sociais), o que levou a uma zona monetária única com diferentes graus de desenvolvimento dentro de si.

Na entrevista ao Financial Times, o responsável recordou ainda a decisão polémica de Angela Merkel de abrir as fronteiras no auge da crise dos refugiados. “Não conseguimos evitar, com essa primeira decisão, sermos mal-interpretados por todo o mundo como estando a criar uma grande oportunidade de negócio para quem se dedica ao tráfego humano. Esse foi o grande drama”.

Schäuble, que foi alvo de uma tentativa de assassinato, pensou em desistir da vida quando soube que iria ficar para sempre numa cadeira de rodas: “Disse que não sabia se não era melhor não ter acordado.” Afilha Christine, de 19 anos – que assistira ao atentado – deu-lhe a força necessária: “Sabes quantas pessoas estão lá fora a rezar por ti? E é assim que começas?”.

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