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Banco de Moçambique espera novo recuo na economia no primeiro trimestre

“A partir do segundo trimestre antevê-se a retoma da recuperação gradual da atividade económica”, refere-se no mais recente Relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação, do Banco de Moçambique.
10 Abril 2025, 19h07

O Banco de Moçambique estima que a economia moçambicana registou nova queda no primeiro trimestre do ano, devido à agitação social pós-eleitoral, mas a um ritmo menor, prevendo a retoma nos próximos trimestres.

“A partir do segundo trimestre antevê-se a retoma da recuperação gradual da atividade económica”, refere-se no mais recente Relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação, do Banco de Moçambique.

“No primeiro trimestre de 2025, excluindo a produção de GNL [Gás Natural Liquefeito], perspetiva-se que o PIB real continue em queda, porém a um ritmo menor, a refletir o funcionamento condicionado da economia, devido à destruição de infraestruturas diversas aquando da tensão pós-eleitoral e o impacto dos choques climáticos”, lê-se no documento.

“Relativamente à atividade económica, excluindo o setor de GNL, perspetiva-se um crescimento económico moderado, a refletir, sobretudo, o desempenho dos setores primário (agricultura e carvão mineral) e terciário (serviços), suportado pela reposição gradual da capacidade produtiva e de logística, não obstante as incertezas quanto aos impactos dos choques climáticos na produção agrícola e nas infraestruturas diversas, e dos efeitos da tensão pós-eleitoral sobre os setores de atividade”, conclui-se.

A economia moçambicana caiu 4,87% só no quarto trimestre de 2024, em termos homólogos, período marcado pela forte contestação pós-eleitoral no país, segundo dados do Governo.

“O Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) apresentou uma variação negativa de 4,87% no quarto trimestre de 2024, quando comparado ao mesmo período do ano 2023”, lê-se no relatório de execução orçamental do ano passado, do Ministério das Finanças.

 A economia moçambicana cresceu apenas 1,9% em 2024, menos praticamente um terço do previsto, devido aos impactos das manifestações e protestos pós-eleitorais no país, disse no final de fevereiro a ministra das Finanças, Carla Loveira.

“Estas ações violentas contra ativos públicos e privados impactou negativamente na taxa de crescimento económico, tendo-se situado em 1,9% em 2024, contra os 5,5% que haviam sido programados para este ano de 2024, e 5,4% observado no período homólogo de 2023”, avançou a ministra, ao intervir, em Maputo, no evento de anúncio das medidas para recuperação económica para o setor empresarial moçambicano, no contexto da agitação social que se seguiu às eleições gerais de outubro.

A ministra das Finanças acrescentou que esta tendência “foi igualmente agravada pelo impacto dos choques climáticos, com destaque para a tempestade tropical severa Filipo”, que provocou “chuvas intensas, cheias e inundações em algumas cidades e vilas, sobretudo na zona sul” e pelos efeitos do fenómeno ‘El Niño’, que afetaram o setor produtivo em algumas regiões do país”.

Moçambique viveu durante quase cinco meses após as eleições gerais de 09 de outubro um clima de agitação social, agravada pelos anúncios dos resultados da votação, com manifestações, protestos nas ruas, barricadas, cortes de estrada, vandalização e destruição de equipamentos públicos e de empresas, saques e confrontos com a polícia que provocaram mais de 360 mortos.

O Governo moçambicano estimava que o PIB do país deveria crescer para 1,536 biliões de meticais (cerca de 23 mil milhões de euros) em 2024, o que corresponderia a um aumento, em termos percentuais, de 5,5%.

O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, admitiu no final de janeiro que o primeiro trimestre deste ano estava “quase perdido” em termos de crescimento económico, igualmente devido à agitação social pós-eleitoral que prevalece, antevendo um crescimento modesto para 2025.

Acrescentou então que “na melhor das hipóteses” Moçambique deve registar um “crescimento zero ou provavelmente negativo” até março.

“A partir do segundo trimestre, a nossa expetativa é que a economia comece a crescer e, no ano como um todo, é nossa previsão (…) um crescimento modesto”, reconheceu, embora sublinhando que o desempenho está dependente da implementação de reformas estruturais no país.

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