O Banco Português de Fomento apresentou as suas contas de 2024 na conferência de imprensa de balanço dos primeiros 100 dias de Gonçalo Regalado à frente do banco soberano de Portugal.
O grupo BPF registou em termos consolidados lucros de 20,2 milhões de euros, menos 7,6 milhões do que em 2023, o banco individualmente reportou lucros de 18,3 milhões, o que traduz uma descida de 4,2 milhões face ao lucro de 2023. Atrasos no lançamento das linhas Invest EU e menores níveis de concessão de crédito on lending explicam esta queda.
O resultado consolidado do BPF inclui a Portugal Ventures que lucrou 1,7 milhões de euros (-3,6 milhões), entre outras sociedades que consolidam no banco. “A variação é explicada pela excelente performance que tinha sido obtida em 2023 na avaliação das carteiras dos ativos de capital de risco em cerca de 5,9 milhões de euros, que não se repetiu nessa dimensão em 2024. Essa avaliação resultou apenas num aumento de 550 mil euros, daí a variação desfavorável, ainda assim positiva”, explicou o administrador financeiro Bruno Rodrigues.
Gonçalo Regalado, CEO, disse que “não queremos ser um banco milionário nos resultados, queremos sim ser um banco de impacto na economia, medimo-nos por valor no PIB”.
Esta nova administração só entrou no inicio deste ano, pelo que os resultados ainda foram gerados na anterior administração.
Na conta de resultados consolidado o destaque vai para a margem financeira que subiu de seis milhões para 19 milhões de euros, num ano. Em comissões o banco revelou uma subida anual de dois milhões para 33 milhões de euros. Apesar disso, o produto bancário caiu um milhão de euros para 523 milhões.
Por outro lado, os custos aumentaram seis milhões de euros fixando-se em 23 milhões. O banco revelou ainda que libertou três milhões de euros de imparidades.
Estes indicadores explicam a queda dos resultados consolidados de 28 milhões em 2023 para 20 milhões de euros.
Os indicadores financeiros em base consolidada revelam ainda que o ativo caiu de 763 milhões em 2023 para 733 milhões de euros em 2024. O banco diz que a queda do ativo total é explicada pelo reembolso antecipado de 60 milhões numa operação que ainda estava viva em 2023 mas não em 2024.
O que integra o perímetro do BPF?
Relativamente ao perímetro de consolidação do grupo, para além do Banco Português de Fomento, consolida a Portugal Venture onde têm cerca de 80%; a Fomento Fundos, onde têm cerca de 73%; a Sofid, onde apesar de não terem qualquer participação tem de consolidar, por via da ter na administração executiva três pessoas do Banco de Fomento, e ao abrigo da IFRS10 tiveram de considerar como subsidiária, portanto fazem consolidação integral das contas, explicou na apresentação o CFO, Bruno Rodrigues. Nas contas consolidadas entra também o Silo da participação do InvestEU, ou seja da participação direta do BPF no âmbito das linhas deste programa, pois o banco é o implementing partner nacional do InvestEU. A participação do BPF no Silo é de 63,3 milhões de euros, explicou o CFO.
Relativamente às sociedades de garantia mútua (SGM) e apesar do banco só ter entre 10% a 15% no capital, é o seu acionista maioritário e exerce influência significativa na gestão, razão pela qual, desde 2022 que consolida as contas destas sociedades pelo método de equivalência patrimonial.
Contas individuais do BPF
Nas contas individuais, a margem financeira (por conta da subida dos juros das aplicações de curto prazo) subiu de 13 milhões para 17 milhões de euros, “em linha com o orçamentado”, segundo o CFO do banco, Bruno Rodrigues. As comissões do banco subiram de 23 para 24 milhões (menos 10 milhões do que o orçamentado devido essencialmente à menor execução do próprio Fundo de Capitalização e Resiliência) e o produto bancário avançou de 41 para 44 milhões de euros, menos 14 milhões face ao orçamentado.
O lançamento do programa de garantias BPF InvestEU permitiu aumentar as receitas com comissões, bem como o reforço das realizações de capital no fundo de Capitalização e Resiliência e no Fundo de Capitalização de empresas nos Açores.
Os custos operacionais em termos individuais ascenderam a 18 milhões de euros, a subirem cinco milhões face a 2023, devido a custos com pessoal e administrativos.
O rácio de eficiência (Cost-To-Income) piorou de 32% para 40%.
A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) caiu de 5% para 4%.
Os rácios de performance revelam ainda que o ROA (rentabilidade do ativos) manteve-se em 4%.
Em termos de capital, o rácio de CET1 do banco soberano fixou-se em 124% (em 2023 era de 125%).
Os ativos ponderados pelo risco aumentaram de 409 milhões para 421 milhões de euros explicado em parte com a participação do BPF no fundo de contragarantia mútuo.
O rácio de liquidez medido pelo Leverage Ratio caiu de 73% para 63%.
Ao nível das subvenções das Linhas Covid 19 o BPF reportou 5.513 empresas candidatas à linha Covid 19, das quais em 4.200 têm conversões em fundo perdido pagas, restando 1.313 empresas com conversões não pagas.
O montante de fundo perdido das conversões soma 189 milhões de um total de 235 milhões de euros.
O Banco de Fomento liderado por Gonçalo Regalado aplicou uma estratégia de envio de garantias pré-aprovadas.
A administração do Banco de Fomento, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, sob a batuta de Gonçalo Regalado, revelou os resultados alcançados com o novo modelo de funcionamento do banco. Ao nível da linha do BPF InvestEU, alcançou um valor global de 3.555 milhões de euros, antes da recente revisão em alta do valor para mais de 8.000 milhões.
“No que se refere ao balanço dos 100 dias de mandato, entre as várias medidas implementadas, que refletem a nova abordagem do BPF – mais proativa e próxima do tecido empresarial –, destaca-se, por exemplo, a emissão de 125 mil garantias pré-aprovadas, que abrangeu 125 mil empresas, no valor de 24 mil milhões de euros”, refere o BPF.
Esta medida inovadora permite uma resposta mais célere ao investimento, ao eliminar etapas burocráticas no acesso ao crédito, com candidaturas que nas primeiras duas semanas já somam 1.990 milhões de euros, envolvendo 6.808 Empresas, com 970 milhões de euros já aprovados em 3.467 Empresas e com a Parceria de todos os Bancos.
“Nos primeiros três meses de mandato, o BPF iniciou um novo ciclo com foco na agilidade operacional, na proximidade com as empresas e na execução de medidas com impacto económico imediato”, reforça o banco.
“Com a nova equipa executiva em funções desde janeiro, o BPF reforçou a sua capacidade técnica e operacional, reduziu prazos de decisão e adotou uma nova abordagem à análise de risco”, destaca ainda o banco.
No balanço de 2024, foi ainda revelado que o tempo de resposta para as grandes empresas foi reduzido de 49 dias para apenas 7 dias úteis. “Esta transformação insere-se num plano mais vasto de modernização interna e digitalização, com novas ferramentas digitais e sistemas de apoio à decisão, garantindo maior eficiência e uma experiência de cliente simplificada”, refere o banco.
Foram apresentados, ainda, os principais objetivos estratégicos a atingir pelo Banco de Fomento, até ao final de 2025, com o objetivo de dinamizar o investimento empresarial em Portugal. “Aqui, destaque para, por exemplo, a construção da solução para o financiamento do TGV no 1º troço de Porto a Oiã ou a Convenção Portugal-Angola, em que se pretende esgotar os 2.500 milhões de euros de investimento português em Angola com garantias públicas dos dois Estados.
Gonçalo Regalado revelou que a sua expetativa é que os resultados líquidos cresçam em 2025.
(atualizada)
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