A rede elétrica espanhola alertou há dois meses para os riscos de um apagão. A Redeia, antes conhecida por Red Eléctrica, alertou para o risco de “desconexões de produção” que poderiam ser “severas” e que poderiam afetar “significativamente” o abastecimento elétrico devido à elevada penetração das fontes de energia renovável, segundo o “El País”.
O alerta surgiu num relatório para os investidores da empresa cotada divulgado em fevereiro, alertando para os riscos de as pequenas centrais renováveis ou instalações de autoconsumo terem dificuldades no “curto e médio prazo” para um “comportamento adequado” no caso de alterações. Em suma, “um risco para a operação segura do sistema elétrico”.
A elevada penetração de fontes de energia como a solar fotovoltaica e a eólica acontece num momento em que são desligadas as centrais convencionais térmicas, o que provoca a “redução de uma potência firme e as capacidades de equilíbrio do sistema elétrico, assim como a sua fortaleza e inércia”.
Entre os outros riscos identificados estava a possiblidade de um ciberataque ou a segurança de abastecimento das ilhas Canárias.
Numa explicação bizarra dada esta quarta-feira, a presidente da Red Eléctrica Beatriz Corredor (na foto) disse que não era correto “relacionar este incidente com a penetração de renováveis”, levantando algumas questões sobre esta declaração por ainda não existir uma explicação oficial sobre a causa do apagão.
A responsável defendeu que as energias renováveis são seguras e disse já ter “mais ou menos localizado” a origem do apagão.
Em apenas 5 segundos, 15 gigawatts de produção solar desapareceram do sistema elétrico espanhol, levando a uma paragem imediata de segurança, deitando abaixo a rede de Espanha e de Portugal durante 10 horas.
A Red Eléctrica descartou a possibilidade de ciberataque, mas o Governo espanhol rejeitou colocar de parte esta possibilidade.
Já noutro relatório datado de 2020, a Red Eléctrica alertava para os riscos para a estabilidade da frequência do sistema elétrica a integração de energias renováveis e as escassas interligações com Marrocos e França. Defendia assim o aumento das interligações (um tema recorrente no sector elétrico ibérico, mas sem avanços concretos de monta), o aumento da capacidade de armazenamento ou de aumento da produção para melhorar a capacidade do sistema perante possíveis desequilíbrios.
Em 2024, as energias renováveis pesaram 57% na produção de eletricidade em Espanha, mais 10% face ao ano anterior, com a eólica à cabeça (23%). No mix, segue-se a nuclear com 20%, solar com 17% e as centras a gás com 13% em linha com as barragens.
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