A Comissária Europeia Maria Luís Albuquerque está em Braga e deu uma entrevista ao Correio do Minho onde fala de uma das principais prioridades deste mandato, o desenvolvimento de uma União de Poupança e Investimento (Savings and Investments Union – SIU).
“O objetivo é reforçar e impulsionar a capacidade do nosso sistema financeiro ligando a enorme poupança das famílias da UE a investimentos produtivos, com maior retorno para quem investe, e que apoiem uma Europa mais segura, competitiva, verde, digital e justa”, refere a Comissária.
“A SIU é um passo necessário para assegurarmos o nosso futuro pois permitirá aos cidadãos acumular riqueza através de investimentos nos mercados de capitais e permitirá às empresas crescer, inovar e criar empregos, ao satisfazerem as suas necessidades de financiamento na Europa”, explica a Comissária portuguesa responsável pelos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos .
“Continuaremos também a trabalhar para garantir um sistema financeiro sólido e funcional, assegurando que a nossa regulamentação é menos complexa e continua a proteger os consumidores, promove a estabilidade financeira e garante a confiança no setor financeiro”, acrescenta.
Está em marcha o projeto da Comissão Europeia, liderado por Maria Luísa Albuquerque, para uma União das Poupanças e dos Investimentos, com objetivos solidificados e concretos para os próximos três anos no que toca a fluxos de investimentos e poupanças. “Com a implementação da SIU, estamos focados na remoção de barreiras que historicamente dificultaram o investimento transfronteiriço dentro da UE”, diz Maria Luís que cita exemplos que incluem “práticas de supervisão divergentes entre Estados-Membros, implementação divergente da legislação europeia a nível nacional, ou práticas discriminatórias aplicáveis a europeus não residentes”.
“Como parte deste esforço, criámos um canal dedicado para que os participantes no mercado possam reportar obstáculos no mercado único e estamos a recolher informação através de um questionário. Estamos também a trabalhar em medidas para remover entraves às operações transfronteiriças das infraestruturas de mercado e gestores de ativos, e para garantir uma distribuição eficiente de fundos além-fronteiras”, avança a comissária portuguesa ao jornal minhoto.
“O projeto da SIU não é apenas uma reforma técnica”, diz Maria Luís Albuquerque. que defende que “é uma oportunidade para transformar a forma como os europeus gerem financeiramente o seu futuro”.
O optimismo de Maria Luís não é no entanto partilhado pelo CEO do BCP, Miguel Maya, que ao Jornal de Negócios revelou dúvidas quanto à implementação deste projeto. “É preciso reflexão. Desde 2015 houve 55 diplomas sobre esta matéria, e o que é que aconteceu? Nada”.
Maria Luís diz que “queremos dar às pessoas ferramentas para fazer crescer o seu património, seja a pensar na reforma, na educação dos filhos ou na realização de projetos de vida. Mas para isso, é fundamental que os cidadãos compreendam o que está em causa e como podem beneficiar. A literacia financeira tem, por isso, um papel central nesta transformação”.
“Não podemos permitir que o acesso à informação e às oportunidades de investimento continue a ser privilégio de apenas alguns. Por isso, estamos a preparar uma estratégia europeia de literacia financeira, pensada para capacitar os cidadãos de todas as idades, promover a confiança no sistema financeiro e incentivar uma cultura de investimento responsável e informada”, acrescenta.
Maria Luís diz que nenhum país da UE, por mais forte que seja, “pode enfrentar sozinho as exigências da economia global. Só com uma resposta coletiva e bem coordenada, que reúna forças de todos os Estados-Membros e aproveite ao máximo os recursos disponíveis, poderemos responder aos grandes desafios que temos pela frente”.
“Há agora um claro impulso político por detrás da SIU porque os líderes políticos da UE compreenderam que a única forma de respondermos aos desafios e às enormes necessidades de financiamento da Europa é agir em conjunto e com determinação”.
O Dia da Europa é uma oportunidade para refletir e celebrar o caminho percorrido pelo projeto europeu. Quando a Declaração Schuman foi assinada há 75 anos, a ideia de unificar a produção de carvão e aço entre os países europeus era revolucionária, mas serviu para estabilizar a paz na Europa e impulsionar o crescimento económico. Hoje, aquilo que começou como uma iniciativa de seis países no início dos anos 50 cresceu para uma União de 27 países, representando cerca de 450 milhões de pessoas.
“É também um orgulho poder assinalar quatro décadas desde a assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à União Europeia. A nossa adesão consolidou a nossa jovem democracia e trouxe progressos sociais e económicos significativos – impulsionando o crescimento económico, modernizando infraestruturas, melhorando a educação e os cuidados de saúde, e abrindo novas oportunidades para os cidadãos e empresas portugueses”, acrescenta.
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