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Namoro AD-IL alimenta campanha. “Mistura explosiva”, alerta PS

Possível entendimento entre a Aliança Democrática (AD) e a Iniciativa Liberal (IL) ganha destaque à medida que o dia ‘D’ se aproxima. Montenegro não nega que existiram conversas para uma coligação pré-eleitoral, mas resume a revelação feita no domingo por Rui Rocha a um “mexerico político”. O presidente dos liberais assume-se como solução de governo, sim, mas faz um aviso: “Não existimos para passar certificados de bom comportamento à AD. Existimos para modificar o comportamento da AD”. Socialistas alertam para coligação “explosiva” para o Estado Social e pede aos eleitores que a travem.
epa12093957 The president of the Social Democratic Party (PSD) and candidate for the Democratic Alliance (AD), Luis Montenegro (C), waves during an event as part of the campaign for the legislative elections, in the Espinho fair, northern Portugal, 12 May 2025. Portugal is set to hold its snap legislative election on 18 May 2025. EPA/MIGUEL A. LOPES
13 Maio 2025, 07h00

Ao nono dia de campanha oficial, todos os caminhos foram dar a Espinho, cidade escolhida pela Aliança Democrática (AD) e pelo Partido Socialista (PS) para iniciar o sprint final rumo às eleições de domingo. A jogar em casa, os dois cabeças de lista pelo distrito de Aveiro, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos não chegaram a cruzar-se na feira mais concorrida da manhã de segunda-feira e aos jornalistas ambos comentaram o namoro do PSD com os liberais, depois de Rui Rocha ter contado que houve contatos para uma coligação pré-eleitoral com os social-democratas.

O PS alertou para os “estragos” de um possível casamento entre AD e IL – “é uma mistura explosiva em termos de radicalismo e de ataque ao Estado Social”, atirou, lembrando que Luís Montenegro foi o 12.º ministro do governo de Passos Coelho que cortou nos salários e nas pensões. Pedro Nuno disse também que a coligação está “de cabeça completamente perdida”, com o PSD e CDS a mostrarem estar desalinhados quanto a um entendimento com os liberais. E voltou a repetir a tese de que a tão desejada estabilidade, numa altura de incerteza global, só o PS consegue garantir.

Já Luís Montenegro, que não desmentiu a existência de conversas para uma coligação pré-eleitoral com a IL, procurou não alimentar o tema, resumindo o segredo revelado a um “mexerico político”.

“O que eu propus foi uma coligação aos portugueses para continuarem a acreditar neste Governo e é essa que interessa agora. As conversas entre os partidos acho que existem e vão existir sempre, mas não é meu hábito distrair as portuguesas e os portugueses como mexericos políticos, quando aquilo que está em causa são opções estratégicas para o futuro do país”, disse.

Perante a insistência da comunicação social nas questões da governabilidade, Montenegro defendeu que tem sido mais claro do que qualquer outro líder político. No final, foi ainda questionado se há problemas na coligação PSD/CDS, respondendo um breve: “Nada disso”.

Antes, e perante uma pergunta sobre a Spinumviva, o líder social-democrata mostrou-se crispado. “O senhor não tem mais nenhuma pergunta para me fazer todos os dias? A RTP está empenhadíssima”, afirmou, tendo depois sido informado que tinha a SIC a questioná-lo sobre este tema.

“Então é a SIC, pronto, mas eu vi aqui o microfone da RTP que tem sido mais insistente. Mas querem voltar a fazer as mesmas perguntas que faziam há dois meses e há três meses? Sinceramente, eu estou muito tranquilo com isso, ainda ontem estive na SIC, até a responder questões à volta disso”, disse Montenegro, referindo-se ao programa de humor de Ricardo Araújo Pereira.

IL assume-se como “solução de governo” mas não para fazer o que a AD fez

O tema do namoro AD-IL tem gerado atenção crescente à medida que se aproxima o dia ‘D’, até porque algumas sondagens sugerem que podem ser os liberais a dar a fechar a “maioria maior” de que precisa a AD para governar.

No domingo, depois de um jogo de voleibol na praia, Montenegro assumiu que poderia fazer uma boa dupla com Rui Rocha. Sem abrir totalmente o jogo, mas sem precisar de o fazer, o presidente da IL disse no domingo e repetiu esta segunda-feira em Faro: “A IL não é um partido de protesto, tem ideias, tem quadros qualificados, tem um percurso. Não deseja criticar por criticar.”

Perante as perguntas dos jornalistas, Rocha disse que “não ficou nada combinado” com o PSD, sustentando que a IL quer “construir soluções para o país”. Mas também disse: “Não somos uma solução de governo para fazer o que a AD fez, é absolutamente insuficiente. Somos uma solução de governo para fazer diferente”, deixando um aviso: “Não existimos para passar certificados de bom comportamento à AD. Existimos para modificar o comportamento da AD”.

Com ou sem CDS?, insistiram os jornalistas. “Não tenho nada a ver com isso, não é uma questão que me diga respeito. Tenho de estar, a quatro ou cinco dias das eleições a insistir nas minhas propostas e a dizer que vale a pena votar na IL porque é a única forma de mudar o país”.

 

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