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“Wizink vai passar a receber depósitos em Portugal”, revela CEO ao JE

O CEO do banco digital espanhol Wizink tem planos ambiciosos para Portugal. Ainda este ano vão trazer a plataforma de Buy Now Pay Later, a Aplazame e em 2026 vão receber depósitos.
16 Maio 2025, 07h43

O CEO da Wizink, Iheb Nafaa, na sua primeira entrevista em Portugal, fala dos planos de crescimento no país e garante que, em 2028, o banco espanhol em Portugal será completamente diferente. O banco digital Wizink vai passar a receber depósitos em 2026 e lançar, ainda este ano, a Aplazame, a ferramenta tecnológica de Buy Now Pay Later.

O banco espanhol especializado em crédito pessoal, Wizink, é detido pela Varde Partners, e chegou a estudar várias hipóteses para Portugal, incluindo a venda de uma participação minoritária da sucursal ou a formação de uma ‘joint-venture’. Mantém-se essa estratégia? Qual é a estratégia para Portugal?
O banco é 65 % de Varde que é o principal acionista. No ano passado tentámos uma aliança estratégica com um banco em Portugal para o Wizink poder crescer, mas a verdade é o banco interessado pretendia que fosse vendida a totalidade da sucursal e não quisemos porque queremos estar e continuar em Portugal que é mercado importante para nós e onde vemos ainda muita oportunidade de crescimento. Por isso o Conselho de Administração do Wizink decidiu não vender o banco em Portugal.

E que banco era?
É confidencial. Mas o importante é que vamos continuar a implementar o plano estratégico que temos para Portugal. O Wizink está em Espanha e Portugal, sendo que em Espanha temos total de 1,5 milhões de clientes e temos meio milhão de clientes em Portugal. Queremos fazer uma aposta muito grande em Portugal, em termos de clientes. Provavelmente vamos tentar crescer de 50% para chegar a 700 mil clientes ou 800 mil clientes até 2028 ou 2029. Temos uma aposta de crescimento clara em Portugal, que é um mercado prioritário e importante para o Wizink.
Teremos outro tipo de alianças estratégicas que são as alianças comerciais, em vez de parcerias de capital, e estamos já a falar com vários potenciais candidatos, para poder desenvolver parcerias comerciais, tal como fazemos em Espanha. Nos próximos cinco anos esperamos investir em Portugal entre 50 a 60 milhões de euros.

Admitem comprar bancos em Portugal para crescer?
Não está previsto no nosso plano estratégico, mas se surgir alguma oportunidade certamente estudaremos. Está no nosso ADN comprar entidades pequenas e fazê-las crescer. Tivemos dois casos de sucesso, o Lendrock e o Aplazame [empresa de financiamento flexível]. O Aplazame é uma ferramenta tecnológica de Buy Now Pay Later que vamos lançar em Portugal no último trimestre do ano.

A Aplazame foi um êxito, quando comprámos eram 10 trabalhadores, agora são 90. Em Portugal a Aplazame terá uma equipa autónoma. A vantagem desta ferramenta tecnológica é que é muito flexível e podemos dar uma decisão de “sim ou não” a um pedido de crédito em 60 segundos.

Qual é então a estratégia para Portugal?
A nossa estratégia é, uma vez que adquirimos o cliente, seguir com a gestão do cliente. Nós nos definimos como líder do mercado nos cartões de crédito revolving em Portugal. Temos 25% do mercado e queremos manter. Neste negócio vamos adicionar primeiro uma estratégia de diversificação. Mais que o B2C, vamos adicionar o B2B. Queremos formar acordos estratégicos comerciais com terceiros para poder crescer. Hoje temos um magnífico acordo com o Benfica, não sei se sabe, mas somos patrocinadores do Benfica. E temos um acordo com Moeve (ex-Cepsa) que funciona bem. Criámos uma nova equipa de desenvolvimento do negócio que está a procurar novos acordos comerciais de muito mais longo prazo. Hoje o B2B atualmente representa 12% e deverá chegar até 20% ou 22% em 2029.

Temos negociações avançadas com retalhistas e com alguns players de telecomunicações, Temos também negociações avançadas com bancos médios que nos veem claramente como especialistas na gestão de cartões de crédito. A segunda estratégia é a diversificação do produto. Por isso, vamos trazer para Portugal a Aplazame, a ferramenta tecnológica de Buy Now Pay Later que nos vai permitir adquirir muito mais clientes. É um canal de angariação de clientes e com esses clientes podemos fazer cross-selling com outros tipos de produtos do grupo. Ainda estamos a analisar, mas estou seguro que vamos lançar depósitos em Portugal, através do Wizink. Eu diria que em 2028 ninguém vai reconhecer o Wizink Portugal.

Quando vão começar a receber depósitos?
Ainda estamos a estudar, mas eu acho que se tudo correr bem, será em 2026 e isso nos ajudará também a reforçar nossa imagem perante os clientes. Nós temos NPS (Net Promoter Scores) de 45%, que é muito bom. Os produtos depósitos são uma ajuda a reforçar essa imagem.

Quais foram os resultados financeiros do Wizink?
Em Portugal gerimos um balanço de cerca de 1,2 mil milhões de euros temos crescido nos últimos anos entre os 2% e os 3%. O nosso plano estratégico é chegar a crescer 6% nos próximos cinco anos, o que demonstra a aposta no crescimento. Nos últimos 5 anos acumulamos um resultado depois de impostos entre 20 e 40 milhões ao ano em Portugal. Os resultados antes de impostos são ainda melhores, entre 40 e 50 milhões. Portugal é uma subsidiária muito rentável, com um ROE acima de 20% e temos um plano manter este nível até 2029. Em Espanha, em 2024 tivemos prejuízos de 22,5 milhões de euros por causa de provisões destinadas a cobrir o risco de perdas potenciais com queixas no crédito revolving. Sem este efeito extraordinário teríamos lucros de 25 milhões.
Temos um rácio de capital bastante alto, de 17%, no consolidado do grupo em Espanha.

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