Os lucros da Ryanair caíram 16% para os 1,6 mil milhões de euros, para os 12 meses que terminam em março de 2025, face aos 1,9 mil milhões de euros do período homólogo. No seu outlook a empresa salienta que as projeções finais para o ano fiscal de 2026 estarão “fortemente expostas” aos desenvolvimentos de temas como as tarifas, os choques macroeconómicos, o conflito entre Rússia e Ucrânia e também no Médio Oriente.
Nos 12 meses que terminam em março deste ano verificou-se uma quebra no preço médio dos bilhetes. Este atingiu os 46 euros, face aos 50 euros do ano anterior.
O CEO da Ryanair, Michael O’Leary, referiu que a queda no preço dos bilhetes ajudou “a um crescimento forte de 9% nos passageiros para os 200 milhões”.
As receitas atingiram os 13,9 mil milhões de euros, mais 4% face aos 13,4 mil milhões do período homólogo. “Isto apesar dos atrasos na entrega [de aviões] pela Boeing”, salienta a companhia aérea.
Os passageiros tiveram uma subida de 7% para os 200 milhões, face aos 183,7 milhões de passageiros do período homólogo.
O load factor (termo que refere a quantidade de lugares ocupados nos aviões) ficou nos 94%, mantendo-se igual à do ano anterior.
A Ryanair refere ainda que o custo por passageiro manteve-se “estável”, e salienta que a “diferença de custo está a aumentar” em comparação com as outras companhias áreas.
No outlook a companhia aérea refere que espera que ao nível do preço, no segundo trimestre, exista uma recuperação face à queda de 7%, do período homólogo. “O resultado final do primeiro semestre está contudo fortemente dependente das reservas de últimas hora e dos preços no pico do verão. Como é normal nesta altura do ano ainda não temos projeção para o que pode acontecer no segundo semestre”, disse a empresa.
No final do ano a companhia aérea tinha dinheiro em caixa de 1,3 mil milhões de euros “depois de considerado o capex (despesas de investimento) de 1,6 mil milhões de euros e 1,5 mil milhões de euros em recompra de ações. A Ryanair prepara-se para pagar quase cerca de 2,1 mil milhões de euros em bonds que expiram nos próximos 12 meses com recursos monetários internos, enquanto que os nossos competidores continuam expostos a necessidades de financiamento no longo prazo dispendiosas, e também enfrentam custos crescentes ao nível do leasing de aviões”, refere a companhia aérea.
A companhia aérea salienta que se prepara para pagar dívida (bonds) no valor de 850 milhões de euros em setembro deste ano e mais 1,2 mil milhões de euros em maio de 2026 ao mesmo tempo que financia “o seu capex de aviões e motores” com recursos internos.
“Aprovamos mais 750 milhões de euros em recompra de ações, que devem ocorrer entre os próximos seis a 12 meses. Durante o ano fiscal de 2025 compramos ou cancelamos 7% do nosso capital em ações (mais de 77 milhões de ações) e retiramos quase 36% das nossas ações emitidas desde 2008. Pagaremos um dividendo de 0,227 euros em setembro”, acrescentou a companhia aérea.
Face à incorporação de 181 B737-8200 ‘Gamechangers’ na sua frota de aviões a expetativa da Ryanair de crescimento para o ano fiscal de 2026, nos passageiros é de 3%, para os 206 milhões de passageiros.
“Estamos a trabalhar em proximidade com a Boeing para acelerar a entrega de aviões e estamos crescentemente confiantes que os remanescentes 29 Gamechangers da nossa encomenda de 210 serão entregues na parte final de 2025. Vamos continuar a planear para que sejam entregues no seu devido tempo os primeiros 15 MAX-10s na primavera de 2027 (com 300 para serem entregues até março de 2034)”, referiu a companhia aérea.
A Ryanair salientou que espera uma procura robusta para a temporada de 2025, e que este ano “apesar da nossa capacidade de crescimento estar limitada”, a procura será alocada “para aquelas regiões e aeroportos que aboliram as taxas de aviação e que incentivaram o crescimento” do tráfego.
“Temos mais de 160 novas rotas para a temporada de 2025 (num total de 2.600 rotas) e recomendamos que os passageiros façam as suas reservas com antecipação de modo a assegurarem as tarifas mais baixas antes que estas se esgotem”, salienta a empresa.
“Esperamos que a capacidade europeia de voos de curta distância se mantenha limitada durante os próximos anos”, considera a companhia aérea, referindo que muitos dos operadores da Boeing “estão a trabalhar nas reparações dos motores Pratt & Whitney” salientando que os dois grandes OEM (produtores de equipamento aeronáutico, referindo-se à Airbus e à Boeing) “estão bastante atrasados” na entrega de aviões.
A Ryanair salienta que a consolidação das companhias aéreas da União Europeia deve “continuar”, onde se inclui a venda a TAP.
“Estas restrições ao nível da capacidade, juntamente com a nossa substancial vantagem nos custos, com a nossa forte folha de balanço, com as nossas baixas tarifas, e com a nossa resiliência operacional que é de liderança no setor, acreditamos que estes fatores vão ajudar a que a companhia aérea tenha um crescimento rentável controlado para os 300 milhões de passageiros até ao ano fiscal de 2034”, considera a empresa.
Foi ainda anunciado que Howard Millar decidiu não procura a reeleição pelo que vai sair do board da companhia aérea em setembro.
“Agradecemos a Howard Millar a sua liderança e enorme contribuição para o sucesso da Ryanair, primeiro como nosso diretor financeiro entre 1992 e 2014, e como diretor não executivo nos últimos nove anos”, referiu a empresa.
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