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EUA aceitam oferta de Boeing 747 do Qatar para uso de Trump

O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, disse que o avião foi aceite “de acordo com todas as regras e regulamentos federais” e que o departamento “trabalhará para garantir medidas de segurança adequadas” na aeronave para torná-la segura para uso pelo Presidente.
epa12102763 A handout photo made available by the UAE’s Presidential Court shows Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan (R), President of the United Arab Emirates and Ruler of emirate of Abu Dhabi, and US President Donald Trump (L) sit for a meeting in Abu Dhabi, United Arab Emirates, 15 May 2025. EPA/UAE PRESIDENTIAL COURT / HANDOUT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES
21 Maio 2025, 21h04

O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, aceitou a oferta de um Boeing 747 do Qatar para uso do Presidente Donald Trump como ‘Air Force One’, informou hoje o Pentágono, ignorando acusações de corrupção da oposição democrata.

O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, disse que o avião foi aceite “de acordo com todas as regras e regulamentos federais” e que o departamento “trabalhará para garantir medidas de segurança adequadas” na aeronave para torná-la segura para uso pelo Presidente.

A doação, avaliada em 400 milhões de dólares (357 milhões de euros) e destinada a substituir temporariamente o Air Force One, provém da família real que dirige o emirado do Golfo.

A Constituição dos Estados Unidos proíbe os funcionários de aceitarem presentes “de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro”.

Além de questões legais e éticas, a utilização de um avião doado por uma potência estrangeira levanta igualmente sérias preocupações em matéria de segurança: o Air Force One foi concebido para servir de centro de comando móvel para o Presidente em caso de ataque contra os Estados Unidos.

Confrontado hoje na Casa Branca por um jornalista sobre a oferta do Qatar, Trump ficou visivelmente irritado, sublinhou que o destinatário será a Força Aérea e justificou-a com atrasos da fabricante Boeing para fornecer um novo avião para uso presidencial.

Perante a insistência do jornalista da cadeia televisiva NBC, Trump insultou-o, chamando-o de “péssimo jornalista”, “idiota” e “uma desgraça”, proibindo-o de fazer mais perguntas e  sugerindo mesmo que os seus editores deveriam “ser investigados”.

Na segunda-feira, o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, propôs uma lei que impediria Donald Trump de utilizar este Boeing como seu avião presidencial.

Especificamente, proibiria o Departamento de Defesa de utilizar o dinheiro dos contribuintes norte-americanos para converter qualquer aeronave que tenha pertencido anteriormente a um governo estrangeiro num avião presidencial.

Contudo, os democratas não têm maioria no Congresso e os legisladores republicanos não têm manifestado oposição à oferta do Qatar.

Na semana passada, Schumer considerou a oferta do reino do Médio Oriente “pura corrupção e uma grave ameaça à segurança nacional”, anunciando que travará a confirmação das nomeações do Presidente para o Departamento de Justiça.

Nos Estados Unidos, a Constituição exige que as nomeações de ministros e outros altos responsáveis governamentais sejam confirmadas pelo Senado.

Embora os democratas estejam em minoria no Senado, dispõem de meios legislativos para abrandar consideravelmente o processo.

Após o anúncio deste presente do Qatar, Schumer apelou a uma unidade especializada do Departamento de Justiça para que “faça o trabalho e divulgue todas as atividades de agentes estrangeiros do Qatar nos Estados Unidos que possam beneficiar o Presidente Trump ou a Trump Organization”, a ‘holding’ familiar do multimilionário republicano.

Trump, defendeu firmemente a decisão de aceitar um Boeing 747-8 oferecido pelo Qatar, considerando-a “um gesto simpático” e insistindo que seria “estúpido” recusar.

Questionado por um jornalista, Trump garantiu que não iria utilizar o avião para fins pessoais após o final do mandato, como noticiado pela ABC News.

A emissora norte-americana disse que os advogados da Casa Branca e do Departamento de Justiça elaboraram uma análise, que entregaram ao secretário da Defesa, concluindo que é legal o Departamento da Defesa aceitar o avião e depois o entregar ao acervo presidencial de Trump, quando este terminar o mandato em 2029, o que lhe permitiria continuar a utilizá-lo como cidadão privado.

Este poderá ser o bem mais caro alguma vez doado ao governo dos EUA.

A Organização Trump, o conglomerado empresarial de Donald Trump, anunciou no final de abril que vai começar a desenvolver o primeiro projeto imobiliário no Qatar, com a construção de um clube de golfe e moradias na zona costeira de Simaisma, na capital, Doha.

Trump realizou na semana passada uma viagem oficial à Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos, a sua primeira ao estrangeiro desde que tomou posse no final de janeiro.

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