A venda do Novobanco entrou definitivamente na ordem do dia, agora que se aproxima o mês dado como referência pelo seu CEO, Mark Bourke, de entrada em bolsa num IPO de 25% a 30% do capital, e depois da notícia de que o Caixabank contrata Deloitte para ajudar a decidir se avança para o Novobanco.
Esta quarta-feira o Governador do Banco de Portugal , Mário Centeno, fez a apresentação do Relatório do Conselho de Administração de 2024 e apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira de maio de 2025,
No mesmo dia, à tarde, foi a vez de Miguel Maya, CEO do BCP, ter apresentado as contas do primeiro trimestre do maior banco privado português e único cotado.
Um assunto atravessou as duas conferências de imprensa: a venda do Novobanco.
Mário Centeno, que uma vez manifestou que era a favor da Oferta Pública Inicial (IPO) do banco que nasceu das cinzas do BES, disse hoje que o importante, entre uma venda direta ou uma entrada em bolsa, é que seja garantida a estabilidade do sistema financeiro. O Governador do Banco de Portugal não diz se tem preferência, mas pede que se evitem os erros do passado, aparentemente estava a referir-se à guerra de poder no BCP, e o uso do banco público como instrumento de financiamento desse conflito.
“Todos os resultados que se venham a operar, devem resultar da atuação do mercado. Este mercado é altamente regulado e supervisionado para o bem de todos nós. Há regras e preocupações muito grandes do supervisor para que não ocorram erros como os do passado. Essa é a única preocupação que eu tenho”, afirmou Mário Centeno.
“O que resulte de uma atuação de agentes de mercado, tem de respeitar as regras desse mercado e é nisso que estamos focados”, afirmou. “A preocupação do supervisor incide sobre a resiliência, robustez, sustentabilidade das instituições”, sublinhou.
O responsável pela entidade de supervisão acrescentou que o Banco Central Europeu (BCE) “está muito envolvido” no processo, em coordenação com o Banco de Portugal.
Recorde-se que em entrevista à Reuters, disse que a oferta pública inicial (IPO) do Novobanco, “seria benéfica para o setor bancário português”. “Vejo isto (o IPO) como um bom resultado para o funcionamento e competitividade do setor bancário português”, disse o governador, acrescentando que “seria muito bom ver o quarto maior banco de Portugal a abrir o capital, porque apenas um banco no país, o Millennium BCP, está cotado”.
Na mesma entrevista, disse que uma compra do Novobanco pela Caixa Geral de Depósitos pode trazer consequências sistémicas para o sistema financeiro, avisa o Governador do Banco de Portugal (BdP).
“A Caixa é um banco muito importante, mas isso também traz responsabilidades. É uma decisão de negócio com consequências sistémicas que devem ser analisadas”, afirmou Mário Centeno nessa entrevista.
Já o presidente executivo do Millennium BCP disse na conferência de imprensa que não está preocupado com a possibilidade de o Novobanco vir a ser vendido a um concorrente direto e criando um grande banco no mercado nacional. “Não estamos no campeonato do powerpoint”, disse Miguel Maya, referindo-se à competição pelo ranking da dimensão da banca. “Estamos no campeonato de criação de valor para a sociedade e para os acionistas”, disse.
“Se nalgum momento se prespetivar que a operação pode acrescentar valor nesta dupla perspetiva, tomaremos uma decisão”, revelou o presidente do BCP.
“Nós analisamos tudo”, disse o CEO do BCP sobre a compra do Novobanco, mas “tanto quanto” sabe Miguel Maya, o cenário central da Lone Star é o de um IPO (entrada em bolsa).
Miguel Maya voltou a dizer que a estratégia do BCP passa pelo crescimento orgânico. Sobre alavancas de crescimento para o BCP, o banqueiro diz que é o crescimento orgânico. “O banco tem espaço para crescer em número de clientes, espaço para crescer enquanto banco principal dos nossos clientes, portanto estamos optimistas com o crescimento, naturalmente limitado por aquele que é o crescimento da economia e temos boas operações no estrangeiro”, defendeu.
“Estamos no campeonato de criação de valor para o acionista”. Na conferência de imprensa da apresentação das contas do primeiro trimestre, Miguel Maya exaltou ainda o facto de o BCP estar perto da ‘linha de vida’ dos dez mil milhões de euros de capitalização bolsista.
“O que para nós é relevante não é se se são 10 ou sete [mil milhões de valor em bolsa]. Para nós é relevante que o banco seja um bom investimento para os acionistas e que os investidores particulares e institucionais tenham aqui um ativo com capacidade estável de geração de resultado e de pagamento de dividendo”, afirmou Miguel Maya.
A preços de mercado, o banco já vale 9,5 mil milhões de euros.
Resumindo, o CEO do BCP disse que o banco continua a analisar uma possível compra do Novobanco mas neste momento não parece estar convencido que a operação possa ser positiva para o banco.
“Só se criar valor para a sociedade e acionistas e para isso, há um fator determinante, que é o preço”, defendeu Miguel Maya.
O dia não acabou sem o ainda Ministro das Finanças e provável líder da pasta do novo Governo de Luís Montenegro revelar a sua posição sobre o cenário de venda do Novobanco ao CaixaBank, dono do BPI.
Em entrevista à RTP3, ao jornalista Vítor Gonçalves, Joaquim Miranda Sarmento, quando questionado sobre a possível venda do Novobanco ao CaixaBank que a “decisão cabe à Lone Star com 75%” e será uma solução de mercado, “mas em todo o caso, a banca espanhola representa já pouco mais de um terço do mercado bancário português e eu crio que por uma questão de concentração e de dependência essa quota de mercado não devia subir”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com