A 5ª edição do Lisbon by Design já decorre no histórico Palacete Gomes Freire, que nos recorda como um espaço construído em finais do século XIX acomoda com elegância peças criadas no século XXI. Uma curadoria cuidada que selecionou 28 designers e artesãos para, neste espaço intimista, darem a conhecer o seu trabalho – a solo ou em colaboração. O objetivo é o mesmo que sempre pautou esta iniciativa: mostrar o melhor da criatividade portuguesa.
Até 25 de maio, esta montra de criatividade ‘made in Portugal’ é, também, uma oportunidade para reafirmar o compromisso da Lisbon by Design com a inovação, a sustentabilidade e a valorização do saber-fazer local. Tal como para revelar novos talentos e fomentar encontros entre designers e profissionais da indústria. Destes encontros têm surgido colaborações que, depois, encontram eco na área do design, claro, mas também da hospitalidade.
E agora chegou o momento de fazermos uma ‘visita guiada’ pelas propostas desta 5ª edição. Logo à entrada, no foyer do palacete, encontramos painéis de tecidos reaproveitados com a assinatura da francesa Barbara Portailler. Antes de subirmos a bela escadaria em leque, deparamo-nos com a proposta do A.D.U. Studios (Antuérpia + Lisboa), que nos traz “uma lâmpada cuja luz se move com a lua” e que nos permite escolher entre dois estados de espírito.
Ainda pairamos sobre a escadaria e somos recebidos pela arte têxtil do polaco Tomek Sadurski, que “deixou a pintura e redescobriu o têxtil”, diz, desde que passou a residir em Portugal, há cinco anos. Outro designer polaco, arquiteto-feito-designer, Jacek Jan, traz duas peças expressamente criadas para a Lisbon by Design, feitas de materiais sustentáveis com a chancela do seu Jaskola Studio.
No primeiro piso, destaque para as peças de alto luxo De La Espada, numa instalação em colaboração com Sam Baron, que nos convida a desacelerar numa clareira da floresta, a sentir o tempo escoar-nos pelos dedos, sem pressa. Numa outra sala, as peças móveis em cortiça preta e burel resultantes da colaboração entre a Burel Factory e Toni Grilo falam-nos de estética e funcionalidade, de beleza e insonorização.
As pistas que aqui deixamos querem tudo menos ser ‘spoilers’. Antes pretendem suscitar a curiosidade. Num texto, a tangibilidade não existe. E é isso, também, que apela aos sentidos. Como acariciar a madeira das mesas ou banquetas criadas por Diogo Amaro, que transformou carvalho francês de velhas barricas de vinho, descartadas, em apetecíveis peças de mobiliário. Ou partir dos bordados do projeto Odisséia – que reúne o talento de uma mãe e duas filhas – para viajarmos no tempo e no espaço.
Muitos mais talentos habitam por estes dias o Palacete Gomes Freire, que merecem ser descobertos. Aqui, apenas levantámos o véu e nos deixámos encantar pelas tapeçarias feitas à mão da portuguesa Mariana Ralo, pelas peças em cerâmica das marcas portuguesas Grau ou Barro e pelo ambiente mágico criado em colaboração por três artistas: Ana Rita de Arruda, Clotilde de Kersauson – que trocou o design de moda pela cerâmica – e Margaux Carel.
Antes de sair do palacete, passe pelo jardim, aberto ao público pela primeira vez, para espreitar as coloridas criações da Omarcity World, um estúdio de design que representa sete designers internacionais.
O lastro destas cinco edições traduz-se no número de visitantes, mais de 3000, entre entusiastas, colecionadores e profissionais do setor oriundos dos EUA, França, Bélgica e Alemanha –, a somar a todos os players que, em Portugal, fazem do design o seu métier. A criatividade e ousadia com assinatura portuguesa estão a viver um bom momento, que é preciso nutrir e expandir. Missão que a Lisbon by Design abraça, revelando nesta edição uma nova geração de designers e artesãos que redefinem o conceito de design contemporâneo português, preservando a essência do saber-fazer tradicional. O futuro do setor passa por aqui.
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