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Governador do Banco do Japão impulsiona subida do iene ao sinalizar aumento da taxa de juro

“Ajustaremos o grau de flexibilização monetária conforme necessário”, para garantir que o banco atinja o seu objetivo de preços sustentáveis, se os novos dados derem às autoridades maior confiança de que as expectativas económicas serão cumpridas, afirmou Ueda num discurso proferido hoje numa conferência internacional, organizada pelo Banco do Japão em Tóquio.
27 Maio 2025, 09h32

O Governador do Banco do Japão (BOJ), Kazuo Ueda, deu hoje um impulso ao iene ao indicar claramente a sua intenção de continuar a aumentar a taxa de juro de referência, se a economia melhorar como esperado.

“Ajustaremos o grau de flexibilização monetária conforme necessário”, para garantir que o banco atinja o seu objetivo de preços sustentáveis, se os novos dados derem às autoridades maior confiança de que as expectativas económicas serão cumpridas, afirmou Ueda num discurso proferido hoje numa conferência internacional, organizada pelo BOJ em Tóquio.

Na sequência dos comentários do governador do banco central nipónico, o iene subiu de imediato para 142,28 contra o dólar.

Não obstante as políticas tarifárias de Trump continuarem a perturbar os mercados financeiros globais, os comentários de Ueda indicam que o BOJ continua a encarar como próximo passo outro aumento da taxa de juro de referência este ano, uma medida que as opiniões do mercado também antecipam.

“À luz das crescentes incertezas, em particular as relacionadas com a política comercial, revimos recentemente em baixa as nossas perspetivas económicas e de inflação”, afirmou Ueda.

“No entanto, continuamos a esperar que a inflação subjacente se aproxime gradualmente dos 2% ao longo da segunda metade do nosso horizonte de previsão”, afirmou, acrescentando que o Japão está agora mais perto do seu objetivo de inflação do que em qualquer outro momento nos últimos três anos.

Dados divulgados na passada sexta-feira mostraram que a inflação no consumidor, excluindo os alimentos frescos, acelerou em abril para 3,5%, mantendo-se dentro ou acima do objetivo do BOJ durante três anos completos. Espera-se, por outro lado, que os números a apresentar esta semana indiquem que a tendência se manterá em maio.

Ueda afirmou que, ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, o Japão está a sofrer um segundo choque de oferta, devido a um aumento da inflação dos produtos alimentares, o que justifica uma atenção especial.

“Estamos agora a enfrentar uma nova ronda de choques de oferta sob a forma de aumentos dos preços dos produtos alimentares. O nosso ponto de vista de base é que os efeitos da inflação dos preços dos produtos alimentares deverão diminuir. No entanto, dado que a inflação subjacente está mais próxima dos 2% do que há alguns anos, temos de ter cuidado com o impacto que a inflação dos preços dos alimentos terá na inflação subjacente”, disse.

Embora os aumentos de preços sejam generalizados, a subida dos preços do arroz tornou-se uma preocupação especial, depois de terem quase duplicado, aumentando a pressão sobre as famílias para fazerem face às despesas.

O Governo nipónico planeia libertar mais das suas reservas de arroz, num esforço para arrefecer o mercado, e está também a lançar subsídios à energia, incluindo gasolina, gás natural e eletricidade.

O BOJ reduziu para metade a sua projeção de crescimento para este ano fiscal na sua reunião de política, no final deste mês, e adiou por um ano o prazo previsto para atingir o objetivo de inflação.

Ueda participou numa reunião dos ministros das finanças e dos bancos centrais do G7 em Banff, no Canadá, na semana passada, onde disse que os seus colegas reconheceram os novos desafios decorrentes da incerteza acrescida da política comercial.

“Para ser honesto, senti-me ligeiramente excluído, embora não pela primeira vez, porque aqui no Japão ainda estamos a enfrentar o desafio de longa data de atingir o nosso objetivo de inflação de 2% de forma sustentável, tendo em conta as implicações do limite inferior zero das taxas de juro diretoras”, afirmou Ueda.

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