Canadianos dizem que mina de lítio de Boticas “tem fortes fundamentos económicos”

A Canaccord Genuity iniciou a cobertura da Savannah Mining, considerando que o projeto localizado no concelho de Boticas, no distrito de Vila Real, é “atrativo” ao longo do seu ciclo de vida.

“Acreditamos que a Savannah tem tido sucesso em atingir certos marcos do projeto, como licenciamento, financiamento e trabalhos técnicos. É provável que seja um dos projetos a ser desenvolvidos no próximo ciclo de preços”, afirmam os analistas da casa de investimento canadiana, prevendo que a decisão final de investimento seja tomada em 2026, com a produção a iniciar no terceiro trimestre de 2028.

A Canaccord estabelece um preço-alvo de 9 cêntimos de libra para a cotada, que se situava nos 3,867 pence na tarde de segunda-feira. A recomendação é de “speculative buy” [“compra especulativa”], uma vez que os riscos e a volatilidade estão acima da média, dado “a natureza pré-produção da empresa”.

“O projeto tem fortes fundamentos económicos que oferecem atratividade durante o ciclo, uma localização altamente estratégica e uma sólida base acionista que deve apoiar a companhia através do financiamento e do desenvolvimento”, pode ler-se na nota divulgada em maio.

A Savannah tem conseguido contrariar a queda do mercado de lítio em geral, com uma valorização de 45% nos últimos 12 meses: “acreditamos que isso demonstra o sentimento positivo em relação aos desenvolvimentos do projeto do Barroso”.

“O Barroso tem um parceiro estratégico e um estatuto de projeto estratégico. Não é apenas um projeto atrativo, mas a Europa precisa de desenvolver o seu fornecimento interno de minerais críticos”, afirmam os analistas. “O projeto será necessário para cumprir as metas domésticas de 10% de extração, conforme estipulado pela Comissão Europeia”.

Em termos de financiamento, o “balanço permanece forte”, com 22 milhões de dólares em caixa no final de 2024, o suficiente até à etapa de decisão final de investimento (FID).

Relativamente ao timing do projeto, a Canaccord defende que uma boa altura para estar operacional é antes da recuperação dos preços do lítio. “Acreditamos que a Savannah está a avançar no projeto na altura certa para ser capaz de fornecer o mercado numa janela em que vemos défices de fornecimento e preços mais elevados”.

Apesar dos preços do lítio estarem em baixa, os analistas esperam que a atividade do mercado de equity “aumente com a recuperação geral dos preços”.

Com a presença dos alemães da AMG, a Savannah está bem capitalizada e comprometida em construir a sua cadeia de abastecimento.

Lítio português é de “alta qualidade” e superior ao produzido no estrangeiro

A Savannah revelou recentemente que a nova fase de sondagens em Boticas confirmou “lítio de alta qualidade” na região.

“Continuam a ser encontradas zonas extensas com lítio de elevada qualidade nas áreas do Pinheiro e Reservatório, com graus de concentração em torno de 1,5%”, segundo um comunicado da mineira britânica na semana passada.

A companhia acrescenta que estes valores “são inclusivamente superiores aos de vários projetos semelhantes em desenvolvimento na Europa e no mundo, como o projeto finlandês Keliber da Sibanye Stillwater, que apresenta valores médios de cerca de 1,2%”.

Por que isto é importante? A companhia explica que “um teor mais elevado de lítio significa mais valor por cada tonelada extraída, permitindo produzir mais concentrado de espodumena e tornando a unidade de processamento mais eficiente, reduzindo custos operacionais e diminuindo o impacto ambiental”.

Neste momento, mais de 80% dos trabalhos de prospeção já foram realizados, com a empresa a aproximar-se da conclusão desta fase de sondagens, que termina nas próximas semanas.

“Graças ao empenho de dezenas de colaboradores da Savannah, o ritmo dos trabalhos está efetivamente a superar o prazo estipulado na servidão administrativa concedida pelo Estado Português, que previa um espaço temporal de um ano, sendo que o plano está a ser executado em apenas alguns meses”, pode ler-se.

A Savannah revela que “na semana passada, cerca de 40 membros da comunidade visitaram a vila de Barruecopardo, em Salamanca, junto a uma mina com operação a céu aberto. Esta foi uma oportunidade para ver, ouvir e conhecer o que é uma convivência equilibrada entre uma exploração mineira moderna e um modo de vida tradicional”.