O Banco de Portugal (BdP) reviu em considerável baixa o crescimento para este ano, um movimento parcialmente compensado em 2026, com o consumo interno e, sobretudo, as exportações a crescerem menos do que se esperava no anterior exercício de projeções. Ao mesmo tempo, o banco central volta a avisar para a probabilidade de o país regressar aos défices já este ano.
No Boletim Económico de junho, divulgado esta sexta-feira, o BdP aponta a um avanço de 1,6% este ano, bastante abaixo dos 2,3% previstos no anterior exercício de previsões em março. Para 2026, a previsão até foi ligeiramente melhorada, passando de 2,1% para 2,2%, enquanto os 1,7% de 2027 foram mantidos sem mexidas.
Esta deterioração assenta sobretudo numa evolução menos favorável do consumo privado, que cresce 2,2% em vez de 2,8%, mas sobretudo das exportações, que avançam 1,7% em vez de 2,7%. Em sentido inverso, as importações aceleram, saltando de 2,8% para 3,4%.
A má prestação da economia nacional no arranque deste ano, quando recuou 0,5% em cadeia, também contribuiu para a deterioração das perspetivas, assume o banco central. Ainda assim, “para o segundo trimestre projeta-se uma variação em cadeia do PIB de 0,4%”, enquanto “na segunda metade do ano, o crescimento trimestral do PIB deverá situar-se em 0,6%”.
Também o investimento é cortado de forma assinalável, abrandando de 3,9% nas projeções de março para 2,1%.
No que respeita à evolução orçamental, o Boletim perspetiva um regresso aos défices já este ano, ainda que apenas de 0,1%. O saldo deteriora-se em 2026, caindo para um défice de 1,3%, melhorando para 0,9% no ano seguinte.
Este resultado é afetado pela execução do PRR, dado que o Plano “assume um perfil de execução dos programas do PRR financiados por subvenções mais concentrado em 2026”, o que se junta “à componente de empréstimos, que afeta negativamente o saldo, [pelo que] o impacto também é mais pronunciado em 2026”.
“Excluindo o impacto do PRR, observa-se um efeito crescente das medidas de política no saldo orçamental até 2026”, detalha o relatório.
Na mesma linha, o banco alerta para um risco de incumprimento das regras orçamentais europeias, dado que a despesa líquida deverá crescer acima do referencial de 3,8%, em média, entre 2025 e 2027. Considerando a projeção de 4,6% do BdP, “este desvio, expresso em percentagem do PIB, corresponde a 0,6 pp do PIB por ano, ultrapassando os limites de 0,3 pp anuais ou 0,6 pp cumulativos fixados para a conta de controlo”.
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