Com um cenário global de disputas comerciais e medidas protecionistas e o Brexit prestes (ou não) a avançar, a incerteza está a aumentar entre os investidores da zona euro, conclui um relatório do UBS publicado esta quinta-feira. Depois de contactar os seus clientes europeus, o banco suíço apercebeu-se de que reina o receio sobre como os mercados de capitais e a moeda única poderão resistir a uma forte recessão económica.
A sucessão do Banco Central Europeu (BCE) – uma vez que Mario Draghi terminará o seu mandato no final de 2019 –, a saída do Reino Unido da União Europeia e o populismo constituem os principais fatores de risco a considerar nos próximos tempos, de acordo com a mesma análise do UBS Global Wealth Management. Após fazerem três testes de stress em cenários de recessões moderadas e severas, os especialistas demonstraram que o vintenário euro deve sobreviver a um cenário de retrocesso económico mais acentuado, contudo poderá levar a fluxos para outras moedas, como a libra ou o franco. Além disso, uma retração dessa natureza poderia colocar em risco a coesão dos países da moeda única.
O UBS prevê que uma recessão mais grave geraria mudanças estruturais mesmo nos países mais fortes da zona euro. “Bund yiels extremamente negativas poderiam criar dificuldades para o setor bancário alemão, empurrar as taxas de depósito de retalho para território negativo e impulsionar o recurso a partidos populistas como a Alternativa para a Alemanha (AfD), tornando a formação de futuros governos ainda mais difícil para a economia líder da Europa”, argumentam estes analistas.
Christine Novakovic, responsável de gestão de patrimónios do banco, acredita que, através de um planeamento financeiro adequado, os investidores conseguem resistir a qualquer “tempestade”, mas não desvaloriza as nuvens cinzentas que pairam sobre os países do euro. No caso da Itália e da Grécia a preocupação centrar-se-ia na hipótese de novos ajustes fiscais ou reforço de financiamento devido à pressão do mercado e ao enfraquecimento do crédito.
Em relação ao BCE, poderia criar-se uma “nova geração de política monetária”, por causa de medidas de reforço da compra de ativos compras de ações ou de taxas de juros fortemente negativas, que “exigem que os investidores não aceitem o limite inferior zero como garantido”. “A fim de construir um apoio de longo prazo ao euro, acreditamos que é crucial que os governos prossigam os seus planos de concluir a união bancária e do mercado de capitais com um sentido de urgência, enquanto constroem espaço fiscal”, defende Themist Themistocleous, chefe do departamento de investimento do UBS EMEA.
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