A China anunciou, na terça-feira, que vai investir este ano 1,5 mil milhões de yuan (181 milhões de euros) na Ásia Central, em projetos de subsistência e desenvolvimento na região, de crescente importância geoestratégica.
Os seis países participantes na Cimeira China-Ásia Central também assinaram um pacto de “amizade permanente”.
“A China está disposta a fornecer 1,5 mil milhões de yuan em assistência financeira aos países da Ásia Central este ano para apoiar projetos de subsistência e desenvolvimento de interesse comum para cada país”, disse o Presidente chinês, Xi Jinping, na cimeira realizada em Astana.
Xi saudou a assinatura do Tratado de Boa Vizinhança e Cooperação Amigável Permanente como um marco nas relações entre as seis nações. O acordo representa “um esforço inovador na diplomacia de vizinhança da China – uma contribuição para o nosso tempo que beneficia as gerações futuras”, descreveu.
A China tem tratados semelhantes com a Rússia e o Paquistão.
Xi também enfatizou a necessidade de cooperação num mundo que está a “entrar num novo período de turbulência e transformação”.
“Não haverá vencedores na guerra tarifária e comercial. Os defensores do protecionismo e do hegemonismo prejudicarão tanto os outros como a si próprios”, afirmou Xi, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.
Xi anunciou ainda a criação de três centros de cooperação no âmbito do quadro de cooperação China-Ásia Central, com foco na redução da pobreza, intercâmbios educacionais e combate à desertificação, juntamente com uma plataforma de facilitação do comércio.
Esta é apenas a segunda vez que a cimeira é realizada, sendo que a primeira edição ocorreu na cidade chinesa de Xian, em 2023.
Os esforços refletem o envolvimento cada vez maior da China com a Ásia Central, que no passado se concentrou em áreas como infraestruturas, incluindo oleodutos, ligações ferroviárias e projetos de mineração.
A Ásia Central ocupa um lugar de destaque na iniciativa chinesa Faixa e Rota – um gigantesco plano de investimentos em infraestruturas que engloba 65 países, compreendendo aproximadamente 62% da população do planeta e 30% do Produto Interno Bruto global.
Segurança na agenda
“Os dois países devem reforçar ainda mais a cooperação em matéria de aplicação da lei, segurança e defesa, combater conjuntamente as ‘três forças’ [terrorismo, separatismo e extremismo] e melhorar a colaboração em matéria de cibersegurança”, afirmou Xi, referindo-se a uma conversa mantida com o Presidente do Turquemenistão, Serdar Berdimuhamedov.
A presença de Pequim na segurança da região está a aumentar gradualmente, através de exercícios conjuntos de contraterrorismo e programas de formação e ajuda militar.
É o caso do Tajiquistão, país com uma longa fronteira com o Afeganistão, que a China teme que possa facilitar o incursão de terroristas da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur na região chinesa de Xinjiang para realizarem operações.
Nas conversações com o Presidente tajique, Emomali Rahmon, Xi apelou a uma cooperação mais profunda em matéria de aplicação da lei e segurança para combater as “três forças”.
Rahmon comprometeu-se a “reforçar a coordenação com Pequim, para que a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) desempenhe um papel mais importante”.
A SCO tem sido o principal fórum multilateral de interação entre a China e toda a região. O agrupamento político, económico e de segurança foi fundado em 2001 pela China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão, sublinhando um compromisso com a “neutralidade permanente”.
Xi também manteve conversações separadas com o Presidente quirguiz, Sadyr Japarov, na terça-feira, e descreveu a relação entre os dois países como “a melhor de sempre”.
O chefe de Estado chinês afirmou que a construção da ferrovia China–Quirguistão-Uzbequistão é uma prioridade máxima.
Xi instou o homólogo cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, a acelerar os projetos ferroviários transfronteiriços e as melhorias na infraestrutura portuária.
“Pequim e Astana devem agir como um forte apoio mútuo em tempos turbulentos”, reforçou.
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