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Eurocéticos cada vez mais próximos da liderança na Finlândia

Ainda não foi desta, mas estão cada vez mais perto: os sociais-democratas venceram as eleições de ontem na Finlândia, com apenas mais dois décimos que os xenófobos e eurocéticos do partido Verdadeiros Finlandeses.
15 Abril 2019, 12h08

O Partido Social-Democrata finlandês venceu as eleições de ontem no país, com 17,7% dos votos – como indicavam todas as sondagens realizadas nas últimas semanas –, mas a nota mais saliente é que os ultraconservadores do partido Verdadeiros Finlandeses (VF), assumidamente xenófobo e antieuropeu, atingiu os 17,5%.

A ascensão do VF é fulgurante: era o quinto partido mais votado nas eleições de 2015 (tinha até agora 17 deputados em 200 lugares) e passou para o segundo lugar, ‘colado’ ao vencedor. Os analistas convergem para a evidência de que o VF se aproxima rápida e consistentemente do poder, o que deverá acontecer nas próximas eleições. A votação de maio para o Parlamento Europeu poderá ser a primeira grande vitória do partido de ultra-direita.

Entretanto, Antti Rinne, líder dos social-democratas, congratulou-se com a vitória do partido, que se nas eleições de 2015 não tinha ido além do terceiro lugar. “Vencemos as eleições pela primeira vez desde 1999”, disse Antti Rinne, que tem agora 40 deputados no Parlamento (tinha até agora 35).

A pulverização dos resultados determina que quem formar governo terá de recorrer a uma aliança. Rinne já disse que está aberto a conversações com todas as forças políticas, menos com o VF – o que, no limite, é uma boa notícia para o partido extremista: esta tentativa de deixar de lado uma formação em crescimento é precisamente uma das causas desse crescimento.

Rinne dedicou as suas primeiras palavras a prometer mais políticas para lutar contra o aquecimento global – matéria que assumiu uma importante posição em termos do debate político anterior às eleições, com a exceção do VF, que não ligou ao assunto.

Segundo os analistas, a austeridade do governo anterior (uma coligação dos liberais do Partido do Centro, da Coligação Nacional e do VF – mais tarde substituídos pelo partido Futuro Azul) causou muita desigualdade e ditou a derrota dos partidos que formaram o executivo.

Nesse quadro, melhorar o sistema de saúde e a educação tornou-se uma prioridade, num país onde a classe média vai encurtando e as diferenças sociais vão aumentando – na proporção exata do crescimento da importância da ultra-direita. O envelhecimento da população e a pressão que isso tem causado na gestão da segurança social é também, cada vez mais, um problema que aflige os finlandeses.

A Europa está agora na expectativa face às eleições para o Parlamento Europeu, que estão cada vez mais próximas. É claramente possível que o VF comande a próxima votação, na circunstância em que, tradicionalmente, os países do norte da Europa costumam ser bastante críticos da União Europeia. Uma vitória do VF nas europeias de maio seria um forte sinal de que a ultra-direita está a investir com determinação no coração da União Europeia.

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