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Wimbledon substitui juízes de linha por Inteligência Artificial

Os juízes de linha no ténis parecem ser uma profissão em vias de extinção: a organização de Wimbledon, uma das ‘catedrais’ europeias da modalidade, passa a preferir máquinas. John McEnroe, que detestava juízes de linha, não ficaria contente.
1 Julho 2025, 14h44

Os juízes de linha vão ser substituídos por Inteligência Artificial (IA), segundo avança a agência Euronews. E isso acontece não num campo de treinos ou num torneio menor – para se avaliar a eficácia da decisão – mas no torneio britânico do Grand Slam de ténis, em Wimbledon. Para todos os efeitos, qualquer coisa vai mudar. Desde logo, a certeza da observação (espera-se), mas também a teatralidade da contestação às decisões dos juízes de linha – que fazia parte do jogo para deleite dos espectadores, mas também para motivação dos próprios jogadores, como é o caso ‘histórico’ do tenista norte-americano, repetidamente ex-número um mundial, John McEnroe.

Wimbledon, que começou na segunda-feira passada, está, pela primeira vez, a quebrar a sua tradição de 147 anos de ter juízes de linha em fatos característicos a determinar se a bola está dentro ou fora dos limites. Este ano, foram substituídos por robôs e IA que utilizam imagens para localizar a bola e tomar as decisões. A decisão, conota a agência, motivou alguns protestos contra a utilização da tecnologia. Nas redes sociais, algumas pessoas afirmaram que a ausência de juízes retira a teatralidade ao jogo.

Mas há dificuldades inesperadas: a jogadora chinesa Yuan Yue disse que o sistema é demasiado silencioso para ouvir as chamadas de linha. “Não consigo ouvir a voz, é demasiado baixa”, disse. A jogadora revelou que pediu ao árbitro para aumentar o volume, mas que este lhe disse que não podia – a IA ainda não é perfeita. “Não me importo, só quero ouvir claramente. A voz [do árbitro] é muito mais alta do que a voz automática, por isso podemos ouvi-la claramente. Os outros torneios não têm este problema”, acrescentou.

A tecnologia também foi utilizada no Queen’s Club Championship, em Londres, no início deste mês. “Usaram vozes muito calmas – parece que a voz não tem a certeza”, disse à BBC Sport a antiga juíza de linha Pauline Eyre, que trabalhou nas linhas de Wimbledon durante 16 anos. “É como se estivesse a dizer ‘Fora… acho eu’. Parece um pouco estranho”, acrescentou.

“Vamos usar vozes diferentes em diferentes courts para que não haja confusão entre campos próximos”, disse Eloise Tyson, diretora de comunicações de Wimbledon, à BBC Sport. Entretanto, tanto Fabio Fognini como Carlos Alcaraz, dois jogadores de topo, questionaram a utilização do novo sistema no seu muito aguardado primeiro jogo. Apesar da tecnologia, o árbitro, que continua a ser humano (pelo menos para já, mas ninguém duvida que pode vir a ser substituído), detém a última palavra.

O sistema de marcação de linha foi desenvolvido pelo sistema Hawk-Eye, de propriedade da Sony. Utiliza IA para analisar imagens de até 18 câmaras, que seguem a bola ao longo do campo. A empresa afirma que a tecnologia emite uma notificação num décimo de segundo se a bola estiver fora e consegue localizá-la com uma precisão de três milímetros. As imagens da bola em direto podem ser verificadas por humanos.

Wimbledon não é o único torneio de ténis a utilizar a tecnologia: os Opens dos EUA e da Austrália também a utilizam. No entanto, o torneio francês de Roland Garros manteve os seus juízes de linha, com os organizadores a defenderem a manutenção das tradições. O Hawk-Eye também é utilizado em desportos como o voleibol, o futebol e o râguebi.

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