O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje, na Dinamarca, um reforço da cooperação entre a União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) face às “dúvidas” do apoio militar norte-americano à Ucrânia.
“Agora, quando há dúvidas sobre a continuação do apoio dos Estados Unidos (EUA) à Europa, é ainda mais importante reforçar a nossa cooperação e coordenação através da UE e NATO e também nas nossas relações diretas, tanto entre nós na Europa como com os Estados Unidos”, disse Zelensky, em declarações aos jornalistas na cidade dinamarquesa de Arhus.
O Presidente ucraniano, que está na Dinamarca para o arranque oficial da presidência rotativa do Conselho da UE ocupada pelo país neste semestre, vincou que, apesar da suspensão do fornecimento de certas armas dos Estados Unidos à Ucrânia, Kiev ainda “conta com a continuação do apoio” de Washington.
“Há alguns elementos que a Europa não tem atualmente, especialmente quando falamos do campo de batalha, e refiro-me aos mísseis Patriot. (…) Mas contamos também com a nossa produção ucraniana e, para tal, precisamos de mais financiamento de fundos para o efeito”, referiu Volodymyr Zelensky, numa alusão às verbas comunitárias que poderão suportar tal investimento.
Um dia após os Estados Unidos terem anunciado a suspensão da entrega de certo armamento à Ucrânia, incluindo dezenas de mísseis para o sistema de defesa aérea Patriot, o Presidente ucraniano apontou esperar “amanhã [sexta-feira] ou nos próximos dias falar sobre o assunto com o Presidente [norte-americano, Donald] Trump”.
Uma conversa telefónica entre Donald Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, está a decorrer hoje à tarde.
Questionado sobre tal chamada, Volodymyr Zelensky afirmou: “Não tenho a certeza de que tenham muitas ideias e temas comuns para falar porque são pessoas muito diferentes, mas se falarmos sobre a Ucrânia, nós apoiámos desde o início a ideia do cessar-fogo incondicional do Presidente Trump e sempre dissemos que estamos prontos para qualquer tipo de formato de reunião”.
Nestas declarações, o líder ucraniano pediu ainda à Dinamarca que nos últimos seis meses do ano, enquanto Copenhaga preside ao Conselho da União, avance com um “forte” pacote de sanções à Rússia, o 18.º que está a ser ultimado, e que consiga desbloquear o processo de adesão de Kiev à UE, atualmente com veto húngaro, para “abrir todos os capítulos ainda este ano”.
Igualmente presente na conferência de imprensa em Arhus, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, respondeu sobre os cortes na ajuda norte-americana: “Se houver lacunas, pessoalmente, penso que devemos estar dispostos a preenchê-las”.
A Dinamarca está entre os países que mais prestaram apoio à Ucrânia desde o início da invasão russa, ao canalizar cerca de 2,32% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em apoio bilateral, apenas atrás da Estónia.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a UE concedeu quase 160 mil milhões de euros a Kiev.
A Dinamarca assume desde terça-feira a presidência rotativa do Conselho da UE, que se estenderá até ao final do ano. O país sucede à Polónia, que assumiu a presidência no primeiro semestre deste ano, e será depois seguido por Chipre no início de 2026.
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