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‘Já não dá para abastecer’: Os voluntários digitais que a partir de casa dizem aos portugueses onde é que há combustível

No meio da crise energética, a plataforma ‘Já não dá para abastecer’ tem informado os portugueses sobre onde podem encontrar combustível. Conheça os voluntários que criaram e gerem esta plataforma.
17 Abril 2019, 18h18

Jorge Gomes é um dos seis fundadores da Vost.pt, uma organização sem fins lucrativos que se compromete a ajudar a população em situações de emergência e responsável pelo plataforma ‘Já Não Dá Para Abastecer’, onde os portugueses podem, desde ontem, consultar os postos de combustível em rutura de stock.

A plataforma informativa foi criada em tempo recorde. Bastaram duas horas para a equipa Vost colocar o site online. “As primeiras notícias sobre a crise energética começaram a surgir às 12 horas [de segunda-feira, 17 de abril] e às 14 horas a plataforma estava online”, diz-nos.

Dizem-se ‘voluntários digitais’ e já contam com uma rede de mais de 60 pessoas que dedicam o seu tempo livre a ajudar o próximo. Estrearam-se no verão passado na época dos incêndios com o lançamento do portal Fogos.pt, ajudando a recolher e a filtrar informações que “ajudaram a salvar vidas” fora do terreno.

E têm apenas uma missão: ser uma espécie de ‘rede de boa vontade’ com “vontade de fazer coisas”, coisa que, segundo o fundador, falta às entidades governamentais portuguesas. “A Direção Geral de Energia [DGEG] tem estes dados todos e não os coloca disponíveis à população. É impossível aceder a eles”, explica. No fundo, é isso que a organização faz: quando a população precisa de informação que não lhe é disponibilizada, a Vost arranja forma de a conseguir.

Quanto à rapidez, Jorge garante que é um misto entre “vontade de fazer” e um grupo de pessoas “muito competentes” que dedicam o seu tempo livre “a bater código” para que as coisas funcionem.

O portal informativo ‘Já Não Dá Para Abastecer’ já ajudou cerca de um milhão de portugueses em pouco mais de 24 horas. A plataforma funciona através de um modelo de outsourcing onde os utilizadores são convidados a partilhar informações sobre a escassez do combustível, construindo, desta forma, uma mega base de dados. Além disto, neste momento também “há uma área específica para que os donos das gasolineiras nos possam enviar informação”, explica o fundador ao Jornal Económico.

Mas nem mesmo esta ‘rede de boa vontade’, sem qualquer fim lucrativo, está livre de atentados de má-fé. “Ontem sofremos um ataque informático que injetou cerca de 1500 registos por hora com dados falsos”, onde era possível ver, por exemplo, um posto de gasolina localizado na ‘Parvalheira’ ou outro posto em ‘Santa C**a do Assobio’.

A equipa de programadores voluntários reagiram de forma quase imediata e “implementaram mecanismos para evitar que voltasse a acontecer”. Confrontado com esta situação, Jorge Gomes desafia os responsáveis pelo ataque pirata a aproveitar “os seus ‘skills’ técnicos e a juntarem-se à Vost em vez de investirem o seu tempo” neste tipo de comportamentos.

O fundador esclarece ainda que a Vost é um organismo completamente “apolítico” que não tem qualquer apoio financeiro. “Só temos a vontade de ajudar as populações”, explica, relembrando que não são um organismo único – “Estamos ligamos à Vost Europa, uma organização dirigida por um capitão do exército francês, e não temos qualquer lucro com isto e nem sequer publicidade no site”, clarifica Jorge Gomes. É, portanto, um exercício de cidadania puro.

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