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Só um terço dos jovens acredita na compra de casa

Estudo da Century 21 aponta os preços das casas e os baixos salários como os principais entraves, apesar de 65% dos portugueses entre os 20 e 40 anos planearem viver sozinhos até 2027.
4 Julho 2025, 07h13

Uma geração adiada entre o sonho da independência e as dificuldades no acesso à habitação. Apenas 33% dos jovens portugueses acreditam que vão conseguir comprar casa nos próximos anos. Esta é uma das conclusões transmitidas pela mediadora imobiliária Century 21 Portugal, que juntamente com a sua homóloga espanhola elaboraram um estudo, onde traçam os desafios dos jovens no mercado imobiliário nos dois países.
“Os portugueses e os jovens, em particular, fazem mais sacrifícios e acreditam menos na questão das políticas públicas. Portugal tem a geração mais resiliente da Península Ibérica, mas é também a que está mais bloqueada”, diz ao Jornal Económico (JE), Ricardo Sousa, CEO da da Century 21 Portugal e Espanha.

Em Espanha, quase metade dos jovens entre os 20 e os 40 anos estima que precisará de entre 5 a 15 anos para o fazer, sendo que 31% dos jovens entre os 36 e os 40 anos acreditam que nunca o vão conseguir.

No caso de Portugal, os principais obstáculos apontados pelos jovens para a compra de casa estão nos preços elevados (43%) e os baixos salários (30%), percentagens bastante abaixo de Espanha, onde 80% dos jovens apontam o custo da habitação como a grande barreira.

“Em Portugal vivemos um momento mais difícil de acesso à habitação para os jovens do que Espanha, onde o debate dos promotores está muito centrado na questão de produzir terrenos e capacidade para os otimizar”, afirma o CEO, realçando que apenas 24% dos jovens portugueses consideram os incentivos do Estado suficientes, enquanto 65% dos jovens espanhóis afirmam que os apoios raramente se concretizam.

No entanto, o desejo de se emanciparem é transversal nos dois países, sendo que no caso de Portugal, 65% dos jovens planeiam fazê-lo nos próximos dois anos e quase 45% como um desejo para o futuro. Em Espanha, 37% dos jovens gostariam de viver sozinhos, mas acabam por optar por partilhar casa com o parceiro (46%) ou com amigos (20%) por questões financeiras.

“A vontade de sair de casa existe – e é intensa –, mas o sistema não está a responder às suas necessidades. Em vez de emancipada, temos uma geração adiada”, sublinha Ricardo Sousa.

Perante as dificuldades para comprar casa, o mercado de arrendamento surge como uma alternativa. Embora em Portugal, o estudo indique que 32% dos jovens preferem comprar casa com hipoteca, a maioria (46%) opte pelo arrendamento como o primeiro passo para saírem de casa dos pais.

Em Espanha, a percentagem dos que preferem comprar casa sobe para 39%, atingindo 48% entre os 28 e os 35 anos, enquanto o arrendamento é mais popular entre os mais novos (44% dos 20 aos 27 anos).

“O mercado de arrendamento ou outras soluções são urgentes porque precisamos dar estas alternativas aos jovens e é, sem dúvida, uma oportunidade de negócio e de investimento que existe em Portugal. Sempre defendemos que o arrendamento é a opção acertada para as primeiras casas dos jovens, porque é uma fase onde se está a definir e a construir como pessoa e como profissional”, explica Ricardo Sousa, realçando que “hoje, viver sozinho é um luxo”.

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