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João Duque diz que lucros da banca “são embaraçosos”

Crítico de que sejam os bancos a fazer a intermediação financeira da poupança, João Duque reconheceu no entanto que “Portugal não é uma bizarria”, pois na Europa há uma cultura de intermediação da poupança através da banca. No entanto considera que o interesse da banca “nem sequer está relacionado com o mercado de capitais”.
8 Julho 2025, 12h04

João Duque foi o keynote speaker da sessão de  abertura de candidaturas para a segunda edição da Sandbox Market4Growth, promovida pela CMVM.

O economista, presidente do ISEG, disse que “começa a ser embaraçoso o lucro do setor bancário, do ponto de vista social, a menos que os lucros sejam redirecionados para o rendimento dos portugueses”, referindo-se aos resultados anuais de 2023, 2024 e “previsivelmente 2025”.

O economista disse que os lucros da banca são canalizados para acionistas estrangeiros.

Crítico de que sejam os bancos a fazer a intermediação financeira da poupança, João Duque reconheceu no entanto que “Portugal não é uma bizarria”, pois na Europa há uma cultura de intermediação da poupança através da banca. “A banca não está vocacionada para fazer tudo aquilo que faz e vai fazendo porque as pessoas se habituaram a recorrer aos bancos,  quando alguém na rua pensa ‘quem é que me pode ajudar do ponto de vista financeiro’ entra num balcão onde tem conta e pedem essa ajuda, mas essa é uma ajuda enviesada naturalmente porque é uma ajuda que tem um interesse e um interesse que nem sequer está relacionado com o mercado de capitais”, disse o economista que destacou que há uma ligação entre o mercado de capitais e a economia.

O desenvolvimento do mercado de capitais pode reduzir a atividade bancária, reconheceu João Duque.

“Mas isso não é problema. Mesmo que necessitem de menos capitais próprios para a sua atividade, se a redução dos capitais próprios, ou o seu menor crescimento, for acompanhado de uma menor redução dos resultados, ou um crescimento maior, o efeito líquido é o aumento da remuneração dos capitais próprios. Seria a chave de ouro. Aumentar a remuneração dos capitais próprios mas transferindo para o mercado de capitais os fundos que, pela sua natureza, lhe devem estar afectos”, defendeu o presidente do ISEG.

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