Nunca foi tão importante falarmos sobre os limites do nosso planeta, como nunca foi tão necessário envolver e motivar as pessoas levando a uma verdadeira consciencialização para a mudança de hábitos. Mas, a sustentabilidade é um mundo e é fácil perdermo-nos na sua complexidade.
As empresas têm a enorme responsabilidade de liderarem o caminho e orientarem a sua atuação rumo ao cumprimento de objetivos. Exige foco e estratégia e passa por manter o seu ecossistema de stakeholders alinhado no mesmo sentido, envolvido numa autêntica cultura de sustentabilidade. Construir e desenvolver esta cultura é o desafio.
Desmistificar, formar, educar e persistir são as palavras de ordem neste esforço.
É preciso dizer que a sustentabilidade é muito mais (mesmo muito mais) do que reduzir emissões de CO2. A sustentabilidade está em tudo o que fazemos, do mais pequeno gesto ao maior. Está nas escolhas de matérias-primas, na forma como gerimos a água, na colaboração com nossos fornecedores e parceiros, no desenho das embalagens, nas rotinas dos colaboradores, na forma como atuamos nas comunidades, e até no modo como as decisões são tomadas.
Acreditar que sustentabilidade se resolve com grandes gestos ou ações isoladas é um equívoco comum. Acreditar que é apenas um sobrecusto é não ver a(s) oportunidade(s) inerentes. O verdadeiro impacto está no modo de pensar que deve ser sistémico e integrado.
É aqui que cada um de nós tem um papel crucial. Ninguém precisa de ser especialista em clima, em responsabilidade social ou economia circular para contribuir. Basta perguntar: “O que posso mudar dentro da minha esfera de atuação?”. Essa consciência é o primeiro passo. E como qualquer competência, ela pode — e deve — ser treinada. Um músculo que se treina.
A aposta deve, por isso, ser na formação contínua. Sustentabilidade não se “ensina” num workshop anual. Exige sensibilização constante e, sobretudo, coerência entre discurso e prática. As equipas devem sentir que o tema não está só nos relatórios ou nos slogans, mas também nas reuniões de rotina, nas decisões de investimento, nos incentivos internos.
Semear a sustentabilidade na cultura de uma organização é um esforço coletivo e permanente. Requer sobretudo liderança, visão, mas também abertura para ouvir, envolver e aprender com todos. Porque ninguém muda de hábitos por imposição, mudam-se com propósito. E propósito partilhado constrói-se na prática com diálogo, exemplo e muita persistência.
O desafio, portanto, não é introduzir a sustentabilidade, enquanto um caminho paralelo na empresa. O verdadeiro desafio é reconhecê-la, dar-lhe espaço e permitir que cresça de forma orgânica. Não é reinventar o que somos, mas olhar para dentro, olhar para o que já fazemos — e fazer sempre mais e melhor.
Treinar os músculos de toda uma organização, fundamental na criação de valor hoje e no futuro.