A atividade global de fusões e aquisições (M&A), em termos globais, cresceu 11% em relação ao ano anterior até maio, apesar do contexto desfavorável, marcado sobretudo por um choque tarifário, segundo o relatório semestral de M&A da Bain & Company.
O valor transacionado situou-se assim nos 267 mil milhões de dólares. No seu estudo, a Bain conclui que isto deve-se, em grande parte, ao facto de os executivos mais experientes se estarem a tornar mais estratégicos, conseguindo tirar maior proveito no momento de explorarem as disrupções do mercado.
“Esses líderes estão a responder de forma mais ágil aos desafios estratégicos e a manter-se focados numa visão de longo prazo da sua estratégia de M&A”, refere.
Por conseguinte, a atividade de M&A por parte das principais empresas deverá manter-se robusta ao longo deste ano, apesar dos abalos provocados pelas tarifas, que representam o terceiro choque significativo em cinco anos para a confiança dos executivos – depois do choque associado à pandemia e, de seguida, do aumento das taxas de juro, explica o estudo.
O relatório antecipa assim uma nova onda de negócios de M&A, à medida que as empresas se concentram em negócios direcionados para o futuro, através de uma maior escala, maiores capacidades e desinvestimentos estratégicos – apesar dos desafios contínuos de taxas persistentemente mais altas, obstáculos regulatórios e disrupção da IA, bem como tarifas.
“As principais empresas já estão inclusive a trabalhar para determinar de que forma é que o impacto das tarifas pode alterar os portfólios, os planos de M&A e os pipelines dos negócios”, refere a Bain.
A consultora salienta que já está a observar indícios de que as principais empresas não estão a permitir que as tarifas prejudiquem os planos de fusões e aquisições. “Num indicador significativo da resiliência da atividade, o relatório observa que, embora o volume e o valor das transações tenham caído em abril com o início da guerra tarifária, o valor das transações recuperou em maio: um sinal de que o impacto das tarifas pode ser mais discreto do que o dos restantes choques recentes”, lê-se no relatório.
“No contexto atual e desafiante, é necessária uma convicção e clareza únicas para definir uma estratégia a longo prazo e procurar proativamente as oportunidades de M&A. No entanto, é precisamente isso que os executivos mais experientes estão a mostrar-nos que conseguem fazer”, afirmou Álvaro Pires, partner da Bain & Company. “Estes líderes estão a conseguir encontrar oportunidades no meio das adversidades e a avançar com as transformações”, acrescenta.
Embora apresente uma visão otimista para a atividade de M&A este ano, a Bain & Company reconhece os desafios atuais.
~”À medida que navegam nas oscilações das políticas tarifárias e dos mercados financeiros, os executivos também enfrentam a aceleração da disrupção da tecnologia, especialmente da IA, e a intensificação da pressão para alocar capital a esses e outros ativos tidos como relevantes, por vezes em detrimento dos investimentos em M&A”, destaca a consultora.
O estudo salienta que é provável que as taxas de juro se mantenham relativamente elevadas nos EUA, no contexto das atuais pressões inflacionistas. Os obstáculos regulamentares também continuam a ser elevados em todos os mercados, com a administração dos EUA a manter o escrutínio antitrust.
O relatório refere ainda que o impacto das tarifas também variou significativamente entre setores, dependendo de fatores como a dinâmica da cadeia de abastecimento e os mercados finais. Na indústria, a atividade de M&A foi mais afetada, sofrendo uma queda de 15% no valor das transações, enquanto a atividade no setor tecnológico recuperou à medida que as empresas de todos os setores adquiriram ativos de IA
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