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Capgemini revela que haverá 26 idosos por cada 100 pessoas em 2050

Segundo o World Property and Casualty Insurance Report do Research Institute, a taxa de dependência global deverá aumentar até 2050 com 26 idosos por cada 100 pessoas em idade ativa, face aos 16 atuais
17 Julho 2025, 00h17

 

Os seguros Não-Vida~estão  à beira de uma revolução com o rápido envelhecimento da população em todo o mundo até 2050, defende o novo estudo da Capgemini.

Segundo o World Property and Casualty Insurance Report do Research Institute, a taxa de dependência global deverá aumentar até 2050 com 26 idosos por cada 100 pessoas em idade ativa, face aos 16 atuais

O estudo mostra como o envelhecimento da população mundial irá transformar o setor a nível global até 2050 e detalha a forma como a alteração na proporção dos idosos face à população em idade ativa terá um papel crítico na mudança dos hábitos de consumo, nos transportes e na utilização da tecnologia, e revela quais as grandes implicações tanto para os seguros das empresas como para os seguros pessoais no ramo não-vida (Property & Casualty-P&C).

Estas tendências irão obrigar o setor a ter uma abordagem mais focada na prevenção, mais modular e com monitorização de riscos em tempo real, assim como irá precipitar a utilização de modelos de subscrição tecnologicamente mais avançados.

Outra conclusão é que o envelhecimento da população mundial modifica os hábitos de consumo. “O envelhecimento da população mundial nas próximas décadas irá refletir-se numa percentagem inferior de adultos em idade ativa por cada pessoa reformada, transformando profundamente a força de trabalho”, lê-se no comunicado.

“Até 2050, prevê-se que a taxa de dependência a nível mundial aumente dos 16% registados em 2024 para 26%, o que significa que por cada 100 pessoas em idade ativa, haverá 26 idosos/reformados a sustentar, face aos 16 atuais. Excluindo a população africana, que é relativamente jovem, no resto do mundo a taxa de dependência deverá passar dos atuais 18% para os 31%”, refere a Capgemini.

“Esta transformação irá ter implicações profundas nos hábitos de consumo e na estrutura da economia mundial em geral.”, destaca a consultora.

“À medida que a população mundial envelhece, prevê-se uma alteração nos hábitos de consumo que passaram a estar mais centrados nas experiências do que nas grandes aquisições. O estudo da Capgemini indica que 45% dos consumidores preveem aumentar os seus gastos em melhorias de estilo de vida (viagens, artigos de luxo e remodelações em casa), enquanto 70% não planeiam comprar uma nova casa nem fazer um upgrade para uma casa maior”, refere.

“Esta alteração nos hábitos de consumo, conjugada com tendências como uma maior urbanização e automatização da tecnologia, terá um impacto significativo na forma como as seguradoras do ramo não-vida prestam serviços, respondem às necessidades e expectativas dos seus clientes. Por exemplo, prevê-se que as seguradoras automóveis façam a transição para seguros empresariais e de mobilidade partilhada, dado que os seniores conduzem menos e recorrem mais a serviços de transporte partilhado”, destaca a Capgemini.

O envelhecimento da população é um dos principais indicadores da previsão do crescimento anual composto (CAGR) em todo o mundo e que deverá ser de 4,4% para os seguros das empresas e de 3,3% para os seguros pessoais.

“Do mesmo modo, os seguros de propriedade pessoal terão de evoluir para opções preventivas e adequadas à idade dos seus tomadores, respondendo às necessidades de casas mais pequenas e multigeracionais. Também nos locais de trabalho, os seguros das empresas terão de considerar a automatização que será impulsionada pela demografia e pelos novos perfis de risco”, acrescenta.

“As profundas transformações demográficas que irão ocorrer nos próximos anos, terão um impacto direto e significativo nas seguradoras não-vida nas próximas décadas. É por isso fundamental que as seguradoras comecem já a analisar os seus portfólios para compreenderem estas alterações e determinarem o seu grau de exposição em mercados maduros e em transição. Isto irá ajudá-las a desenvolverem modelos de serviço otimizados e preparados para o futuro,” afirma Adam Denninger, Global Insurance Industry Leader da Capgemini, referindo que: “usar a IA para criar vantagens na experiência do cliente contribuirá, também, para ajudar as seguradoras a protegerem-se do aumento da concorrência e da baixa dos preços.”

O estudo adianta também que, além dos temas demográficos, as seguradoras terão de lidar com as implicações das alterações climáticas e dos seus efeitos numa força de trabalho envelhecida.

De acordo com um estudo da Oxford Economics preparado para a Capgemini, 98,5% da população mundial estará em risco de seca e 80% em risco de cheias. Esta volatilidade climática, conjugada com a concentração dos riscos urbanos, levará as seguradoras a enfrentarem um aumento dos riscos interligados que aumentam o potencial dos sinistros.

Para avaliarem estes riscos e poderem desenvolver estratégias mais alinhadas com as alterações climáticas, as seguradoras terão de integrar ainda mais dados sobre os riscos climáticos e análises preditivas para correlacionarem riscos e melhorarem a subscrição das apólices, refere o estudo.

Outra conclusão é que há 88% das seguradoras que reconhecem a importância da utilização de tecnologia na subscrição, mas apenas 17% afirmam dispor dos recursos adequados,

“Uma característica essencial das novas abordagens será a utilização de previsões e inteligência em tempo real na subscrição”, diz o estudo da Capgemini que revela que “88% das seguradoras reconhecem a importância que a subscrição avançada irá ter no futuro, mas apenas 17% dispõem dos recursos necessários para a adotarem em larga escala”.

O estudo recomenda que para se prepararem e adaptarem-se às mudanças demográficas, as seguradoras do ramo não-vida adotem novas abordagens, incluindo manter o foco no comportamento do cliente em mudança: reajustar a presença geográfica e desenvolver modelos de serviço ajustados à faixa etária; apostar na transformação do modelo operacional: modernizar arquiteturas de dados, usar IA e automação para criar sistemas resilientes e aumentar a eficiência; tenham o foco na gestão do risco, o que se traduz em implementar a subscrição baseada em previsões e na gestão dinâmica dos portfólios.

“Todas estas abordagens exigem um processo de evolução contínua, no qual os gestores devem ocupar-se da execução das ações de médio prazo e os Conselhos de Administração das questões estratégicas de longo prazo”, defende.

Para realizar este estudo, o Research Institute da Capgemini recorreu a três fontes principais: o 2025 Global Voice of the Customer Survey (que inquiriu 5.016 clientes de seguros não-via em 13 países), o 2025 Global Insurance Executives’ Survey (que incluiu entrevistas com 274 executivos seniores de seguradoras do ramo não-vida líderes em 15 mercados), e os 2025 Global Macroeconomic Forecasts elaborados em colaboração com um prestigiado instituto especializado em previsões macroeconómicas, e que incluem dados relativos a 11 mercados nas três principais regiões do mundo.

 

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