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CEO do Bankinter: “Não recebemos qualquer indicação do Governo português para não adquirirmos outras operações”

A CEO do Bankinter reforçou no entanto que “acreditamos que já temos as capacidades em Portugal para crescer organicamente. Somos uma instituição que acredita no crescimento orgânico e não vamos fazer aquisições em Portugal”.
24 Julho 2025, 10h15

Gloria Ortiz, CEO do Grupo Bankinter, falava na conferência de imprensa de apresentação de resultados, quando foi questionada pelos jornalistas sobre se tinha recebido do Governo português alguma indicação de que não era bem visto um aumento da presença em Portugal. Na resposta a presidente do grupo que tem em Portugal uma sucursal disse que “não recebemos qualquer indicação do Governo português para não adquirirmos outras operações em Portugal”.

A pergunta segue umas declarações feitas pelo Ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, quando o CaixaBank estava na corrida à compra do Novobanco. “A banca espanhola representa já pouco mais de um terço do mercado bancário português e eu creio que por uma questão de concentração e de dependência essa quota de mercado não devia subir”, disse na altura o Ministro que reforçou que “era bom para o mercado português que a presença espanhola , com a qual não temos nada contra, não aumentasse”.

A CEO do Bankinter reforçou no entanto que “acreditamos que já temos as capacidades em Portugal para crescer organicamente. Somos uma instituição que acredita no crescimento orgânico e não vamos fazer aquisições em Portugal”.

“Planeamos continuar a aumentar o quadro de pessoal do Bankinter em Portugal, obviamente em diferentes negócios e em diferentes áreas” admitiu a CEO.

“Gostaria de vos lembrar que temos também uma joint-venture com a Sonae, que se está a revelar muito bem-sucedida, e que estamos muito satisfeitos com esta relação”, disse ainda.

O Bankinter Portugal registou resultados antes de impostos de 104 milhões de euros no primeiro semestre. A margem financeira subiu 1% num ano para 142 milhões de euros e as comissões aumentaram 4% para 39 milhões.

Os custos operacionais aumentaram 15% para 59 milhões de euros. Ainda assim o rácio de eficiência é melhor na sucursal em Portugal do que no grupo (33% contra 35,9%).

A sucursal em Portugal regista um crescimento de 11% da carteira de crédito para 11 mil milhões de euros, dos quais 7,2 mil milhões de euros é a carteira de crédito a particulares (tendo crescido 12% num ano) e 3,5 mil milhões é a carteira de crédito a empresas (cresceu 8%).

No que toca à qualidade da carteira de credito, o banco em Portugal tem um rácio de crédito malparado (NPL) inferior ao do grupo (1,3% contra 2,1%)

O banco em Portugal registou um crescimento de 20% dos depósitos de clientes para 10 mil milhões de euros e um crescimento de 13% dos recursos geridos fora de balanço (ativos sob gestão) e ativos sob custódia, somando em conjunto outros 10 mil milhões de euros. Os ativos sob gestão são 5 mil milhões, o que traduz uma subida de 17%. Já os ativos sob custódia ascendem também a 5 mil milhões de euros, tendo crescido 8%.

Gloria Ortiz deu uma entrevista recentemente à Bloomberg, em que tocou no tema da expansão na Europa, dizendo que planeia mais aquisições na zona euro. No entanto hoje a CEO do banco descartou que Portugal fizesse parte das geografias onde pretendem fazer aquisições.

Gloria Ortiz confirmou que o objetivo do Bankinter é comprar um banco que lhe permita crescer. “Procuramos o mesmo que encontrámos em Portugal e na Irlanda, mercados onde vimos um grande potencial de crescimento”.

O grupo espanhol diz que ainda está numa fase de estudo e análise, não existindo nenhuma operação concreta em vista, mas avança “queremos segurança jurídica e portanto temos preferência pela Europa e em particular a Zona Euro”, assegurou a presidente executiva.

“Parte da nossa estratégia é o crescimento das receitas e a diversificação das receitas fora de Espanha, puramente por uma questão de diversificação”, disse a CEO.

Gloria Ortiz foi ainda questionada pela decisão do Governo espanhol de Pedro Sanchez de criar entraves à OPA do BBVA sobre o Sabadell, sem mencionar o caso concreto, disse que “quanto à interferência dos governos, e sem fazer qualquer menção específica a nenhum deles, creio que nunca é uma boa notícia que haja interferência em negócios privados para além da aplicação da lei”, remetendo para a Comissão Europeia que abriu um procedimento de infração contra Espanha por causa da legislação que permitiu ao Governo condicionar a fusão dos bancos BBVA e Sabadell.

Quanto ao caso concreto, Gloria Ortiz disse “vou guardar a minha opinião para mim”.

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