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Marcelo e Xi Jinping. Visita promove amizade e parcerias entre Portugal e China

Depois de anos a acumular cargos e poder, o líder chinês garantiu que se poderá manter como Presidente o tempo que entender. Amanhã, Marcelo será recebido por Xi Jinping no Grande Palácio do Povo.
Cristina Bernardo
28 Abril 2019, 13h15

Nascido a 15 de junho de 1953, em Pequim, o actual presidente chinês é filho de Xi Zhongxun (1913/2002), um revolucionário que fez parte da primeira geração da liderança do regime comunista, veterano da Longa Marcha, que combateu ao lado de Mao Zedong contra os nacionalistas do Kuomintang e contra os invasores japoneses.

Xi Jinping nasceu, por isso, em ambiente privilegiado, pertencendo ao grupo dos chamados “príncipes do Partido”, mas não estava livre de perigos: quando tinha 10 anos, o pai foi detido no âmbito de uma das muitas purgas no tempo de Mao, pelo que a família atravessou uma fase complicada.

Nos anos seguintes, o próprio Jinping foi enviado para trabalhar no campo, no movimento “Subir às Montanhas, Descer às Aldeias”, ao que tudo indica sem estar imbuído de genuíno fervor ideológico.

Regressou a casa com 22 anos, sem ilusões sobre a Revolução Cultural, segundo afirmou numa entrevista que concedeu à televisão CCTV, em 2013: “No passado, quando falávamos nas nossas crenças, era tudo muito abstracto.

Penso que a juventude da minha geração será lembrada pelo fervor dos Guardas Vermelhos. Mas era tudo emocional. E quando os ideais da Revolução Cultural não se concretizaram, provou-se que eram uma ilusão.”
Mais tarde, Jinping estudou engenharia química na Universidade Tsinghua e iniciou uma carreira política, primeiro aderindo à Juventude Comunista (1971) e depois ao Partido (1974). Nas três décadas seguintes, foi gradualmente subindo na hierarquia partidária, desempenhando funções em quatro províncias chinesas. Esteve nos Estados Unidos em 1985, para uma viagem de estudo ao Iowa22, nutrindo desde então uma forte admiração pelos americanos. A ponto de em 2010 enviar a sua filha, Xi Mingze, estudar para a Universidade de Harvard.

Para a sua ascensão nas fileiras do Partido terá contribuído a personalidade discreta e cautelosa: segundo os biógrafos, Jinping sempre procurou ser uma figura consensual, não tendo acumulado inimigos e não se envolvendo em escândalos de corrupção. E quando em 2007 assumiu a chefia do Partido na importante metrópole de Xangai, era já visto como o provável sucessor de Hu Jintao.

Como presidente, Xi Jinping prometeu um programa reformista, defendendo um reforço das regras do estado de direito e a implementação de reformas económicas. O combate à corrupção é outra das suas bandeiras, bem como uma política externa mais musculada, sobretudo nas relações sino-japonesas e na resolução do diferendo territorial com os países vizinhos, no Mar do Sul da China.

Parceria Estratégica Global entre Portugal e a China
O reforço dos laços comerciais com a União Europeia é um dos pilares da estratégia do presidente chinês e Portugal desempenha um papel nesse desígnio. A 15 de Maio de 2014, Xi Jinping recebeu o Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, num dos salões nobres do Grande Palácio do Povo, em Pequim.

“Concordámos em manter contactos de alto nível para intensificar a colaboração entre os dois países, criando assim uma base cada vez mais sólida para a cooperação bilateral”, disse na altura o presidente chinês, acrescentando que Portugal “é um bom amigo”.

Pela parte do Governo, integram a comitiva do chefe de Estado na República Popular da China os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

Na segunda-feira, primeiro dia da sua visita de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa será recebido pelo Presidente da China, Xi Jinping, com honras militares, no Grande Palácio do Povo e terá também uma reunião com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

Durante a visita de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa estará acompanhado também por uma delegação parlamentar composta pelos deputados Adão Silva, do PSD, Filipe Neto Brandão, do PS, Telmo Correia, do CDS-PP, pelo líder parlamentar do PCP, João Oliveira, e por Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes”.

Bloco de Esquerda e PAN não quiseram estar nesta visita, opção que justificaram com a situação dos direitos humanos e das liberdades na China. Nessa altura, Xi Jinping, recorreu a um provérbio português para descrever a relação sino-portuguesa. “Vinho, azeite e amigo, quanto mais antigo melhor”, disse o chefe de Estado chinês, numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Acabei de realizar um encontro a sós [com Marcelo], onde chegámos a vários consensos”, sublinhou. O chefe de Estado chinês disse ainda que existem cada vez mais pontos de convergência entre Portugal e China, existindo “confiança política e cooperação pragmática” entre os dois países.

A viagem de Xi Jinping a Lisboa foi a primeira visita oficial de um chefe de Estado chinês a Portugal desde Outubro de 2010, quando o então Presidente da China, Hu Jintao, veio promover a Parceria Estratégica Global entre Portugal e a China.

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