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Só 20% dos portugueses são recompensados por trabalhar fora de horas

O estudo “FLEX – Flexibilidade no trabalho em Portugal”, elaborado pela Polar Insight, em parceria com o Centro de Estudos sobre Pessoas e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa, concluiu que a maioria dos funcionários é obrigada a trabalhar nas instalações do emprego.
7 Maio 2019, 10h00

Os trabalhadores portugueses continuam a ter pouca flexibilidade no trabalho. O estudo “FLEX – Flexibilidade no trabalho em Portugal”, apresentado esta terça-feira no âmbito da 8ª Semana do Empreendedorismo de Lisboa, concluiu que a maioria (61,1%) dos funcionários é obrigada a estar nas instalações do seu local de trabalho e só 21,8% são recompensados pelos patrões por trabalhar fora do horário estipulado.

A analista de mercado Polar Insight e o Centro de Estudos sobre Pessoas e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa (CEPCEP) revelaram ainda que a cultura do ‘picar o ponto’ ainda caracteriza bastante o mercado laboral português, uma vez que quase metade dos profissionais no país (48,9%) tem um horário fixo de entrada e de saída. Além disso, três em cada quatro inquiridos confessou ser difícil alterar ligeiramente esse horário por motivos pessoais.

“Já existem empresas em Portugal a democratizar a flexibilidade, mas é preciso estimular para que os seus líderes sejam embaixadores dessas novas práticas de trabalho, e parar de depender da microgestão. Ainda existe um longo caminho a ser percorrido, mas é possível acelerar este processo”, afirma Paula Gaia, da Polar Insight.

“Nos próximos dez anos, haverá mudanças sistémicas em todos os setores. Portanto, o meu conselho é que se incentive a flexibilidade hoje para antecipar o futuro”, sugere James Tattersfield, fundador e diretor-geral da empresa responsável pelo estudo.

No entanto, num país onde é o emprego a full-time e por conta de outrem que tem maior peso e 46% das pessoas trabalha mais de 40 horas semanais, essa flexibilidade parece não ser a maior preocupação. Ou seja, 97,4% dos entrevistados [dos 756 que completaram a amostra] admitiu valorizar essa “complacência” por parte dos seus empregadores, mas a maioria recusou renunciar a outras condições ou benefícios extrassalariais (como os seguro de saúde) para a terem.

Em termos salariais, quase 70% dos participantes na análise reportou uma remuneração entre os 1.001 e 1.500 euros. Contudo, esses ordenados diferem consoante o género. De acordo com a Polar Insight e o CEPCEP, 75,5% dos trabalhadores com rendimentos mensais inferiores a 500 euros são mulheres e 78,9% dos que têm um rendimento mensal superior a 3.500 euros são homens.

Flexibilidade laboral 

Fonte: “FLEX 2019”

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