A APAL – Associação Portuguesa do Alumínio apelou à Presidência do Conselho Europeu, aos
Ministérios do Governo Português e aos deputados portugueses no Parlamento Europeu para que apoiem a criação de uma taxa sobre a exportação de sucata de alumínio.
A medida surge num contexto em que as exportações europeias atingiram valores recorde de 1,3 milhões de toneladas em 2024, com destino sobretudo à Índia, Malásia, Indonésia, China e, mais recentemente, aos Estados Unidos. De acordo com a associação, a ausência de ação imediata colocará em risco a indústria de reciclagem europeia, acentuando a dependência externa e dificultando o cumprimento das metas climáticas e de economia circular da União Europeia.
A APAL – Associação Portuguesa do Alumínio –, que representa toda a cadeia de valor do alumínio em Portugal – desde a importação, reciclagem e refusão, até à extrusão, tratamento de superfície e certificação de marcas de qualidade –, solicita apoio político para a adoção de medidas decisivas que travem a crescente fuga de sucata que atualmente se verifica na Europa.
O tecido empresarial português do setor, representado pela APAL, é constituído maioritariamente por Pequenas e Médias Empresas (PME). Muitas destas empresas, apesar da sua origem familiar, já atingiram escala internacional, exportando em média 35% da sua produção.
Segundo dados analisados pela HARBOR Aluminum Intelligence Unit, nos últimos cinco anos as exportações de sucata da União Europeia cresceram quase 50%, enquanto a geração doméstica de sucata pós-consumo aumentou apenas 19%. Esta pressão resulta de uma procura crescente na Ásia – com a Índia a reforçar a sua posição como principal destino, sustentada pelo rápido crescimento do setor automóvel, e a China a alargar as especificações de importação de sucata desde 2024, passando a absorver também categorias de maior qualidade.
A situação agrava-se com os efeitos da Secção 232 nos Estados Unidos, que ao isentar a sucata de tarifas
aumentou a atratividade da exportação europeia para aquele mercado. Esta dinâmica internacional tem
comprimido as margens da indústria europeia de alumínio reciclado, já que a sucata representa entre 75% e 85% dos custos de produção.
Em Portugal existe em funcionamento toda a cadeia de Gestão Sustentável e Economia Circular deste metal. O alumínio é 100% reciclável, mas o setor debate-se atualmente com escassez de sucata para suprir as suas necessidades.
A reciclagem de alumínio, que consome apenas 5% da energia necessária para produzir alumínio primário, é crucial para reduzir a pegada carbónica e reforçar a autonomia industrial da Europa. Contudo, o aumento das exportações ameaça diretamente os investimentos europeus em novas capacidades de reciclagem e em tecnologias de triagem avançada, que enfrentam agora o risco de subutilização por falta de matéria-prima.
A APAL sublinha que a introdução de uma taxa de exportação aplicável a todos os destinos não constitui uma medida protecionista, mas sim uma forma de corrigir desequilíbrios de mercado provocados por práticas comerciais desleais e de salvaguardar a estratégia industrial e climática europeia. A recomendação da HARBOR Aluminum aponta para a adoção de uma taxa uniforme entre 20% e 40%, suficiente para reduzir fluxos de exportação e reter sucata na Europa, garantindo a viabilidade da indústria e o cumprimento das metas de circularidade.
“Sem esta ação decisiva, a sobrevivência da indústria de reciclagem europeia e portuguesa está em risco”, afirma José Dias, presidente da direção da APAL, apelando ao apoio político para uma medida considerada vital para o futuro do setor.
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